
Usuários de transporte público em Belo Horizonte podem voltar a ter problemas com a falta de ônibus, como ocorreu na última segunda-feira (24). Na ocasião, motoristas de uma empresa entraram em greve por atraso nos salários e 23 linhas da capital ficaram paralisadas. De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de BH (SetraBH), Raul Lycurgo Leite, problemas de orçamento tornam iminente a repetição do cenário.
Em live promovida pelo SetraBH nesta quarta-feira (26), Raul Leite voltou a dizer que as empresas estão com problemas financeiros para viabilizar seu funcionamento. E reforçou que considera necessária a modernização do contrato firmado com o município em 2008. O principal problema apontado pelo presidente da entidade é que as passagens são a única fonte de financiamento das concessionárias.
Em resposta à pergunta feita pela reportagem do Hoje em Dia, o presidente do SetraBH confirmou que é possível que mais empresas tenham problemas para viabilizar a circulação de veículos nas ruas. E afirmou que os passageiros podem enfrentar mais dias sem ônibus na capital.
“Falo isso porque o problema não é conjuntural, não é de gestão de uma empresa. Isso foi esvaindo. Empresas não têm de onde tirar, já não pagam, já estão negativadas na fazenda federal, na fazenda estadual e municipal, não têm mais crédito na praça”, afirmou.
Desde a greve de motoristas de ônibus de novembro de 2021, o sindicato das empresas bate na tecla de que o município deve reajustar a tarifa ou subsidiar o valor relativo ao aumento, para evitar o repasse de custos para os passageiros.
Em dezembro, o prefeito Alexandre Kalil (PSD), anunciou que a tarifa principal da cidade teria uma redução de 20 centavos. Em contrapartida, o município subsidiaria o valor das gratuidades concedidas a idosos e pessoas com deficiência. A decisão ainda não está em vigor e precisa ser aprovada pela Câmara Municipal, para onde será encaminhada em fevereiro deste ano.
Mesmo que o incentivo seja aprovado, o SetraBH reforça que o valor não será suficiente para fechar a conta da diminuição do valor da tarifa. E que as empresas já não conseguem receita para cobrir os gastos com pessoal, manutenção dos veículos e combustível.
“Só o subsídio da gratuidade não é suficiente para resolver o problema, não reequilibra o contrato de concessão sob hipótese alguma. Garante alguma coisa, tira o ônus das gratuidades de cima de outros passageiros, mas não é, nem de perto, suficiente para resolver o problema” afirmou Raul Leite.