
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu nesta quinta-feira (18) a quebra de sigilo bancário dos sócios da cervejaria Backer e de outras empresas do grupo societário para verificar se não houve manobras para ocultar patrimônio.
O pedido, da 14ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Belo Horizonte, ocorreu após a conclusão das investigações pela Polícia Civil e o indiciamento de sócios e pessoal técnico da empresa, informou órgão. A decisão é para verificar se há alguma tentativa de esconder bens por parte dos donos da empresa.
A investigação da Polícia Civil sobre os casos de intoxicação por monoetilenoglicol e dietilenoglicol presentes nos produtos da cervejaria mineira resultou no indiciamento de 11 envolvidos.
Ao todo, o inquérito lista 29 vítimas da síndrome nefroneural, doença causada pela contaminação por produtos tóxicos, sendo oito fatais. Há ainda outras 30 possíveis intoxicações em análises.
Contaminação
A investigação apontou que a substância química dietilenoglicol (DEG) estava presente na fábrica desde 2018. Logo que o caso da intoxicação veio à tona, a Backer garantiu que não trabalhava com o produto, somente com o monoetilenoglicol. No entanto, as duas substâncias foram apreendidas na empresa.
Processos cíveis continuam
Além de lidar com o processo criminal, os donos da cervejaria também enfrentam processos na esfera cível. De acordo com o advogado Guilherme Costa Leroy, que defende cinco vítimas de intoxicação, os representantes das famílias ainda não tiveram acesso ao conteúdo completo do inquérito, mas devem usar o material nos processos cíveis. As famílias querem que a Backer pague indenização e pelo tratamento que as vítimas receberam em hospitais particulares.
“A entrevista coletiva da Polícia Civil reforça tudo aquilo que já vínhamos falando há muito tempo, que tudo foi causado pela cervejaria. A conclusão do inquérito reforça que as vítimas precisam ser indenizadas, pois houve um ato criminoso que levou a essa tragédia”, afirmou o advogado.
“Agora não há mais desculpas para a Backer não arcar com as necessidades das vítimas. Antes a empresa dizia que não estava comprovado o crime, mas agora temos as provas periciais do inquérito”, ressaltou.
A Justiça chegou a bloquear R$ 50 milhões de bens da Backer e a cervejaria alega não ter recursos para arcar com as despesas médicas das vítimas por conta do bloqueio. A Backer informou ainda que espera uma decisão judicial sobre a possibilidade de venda do estoque de cerveja - 240 mil litros de bebida envasados - para que esses valores sejam repassados.
A reportagem procurou a cervejaria Backer para falar sobre a decisão do MPMG, mas ainda teve retorno.