Aperam

Aço importado da China força siderúrgica mineira a suspender investimentos previstos para 2024/2025

Projeto que será adiado inclui instalação de novo laminador a frio de bobinas de alta produtividade

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
07/12/2023 às 13:56.
Atualizado em 07/12/2023 às 18:05
Durante a implementação do projeto, até 1500 vagas temporárias seriam geradas. (Elvira Nascimento)

Durante a implementação do projeto, até 1500 vagas temporárias seriam geradas. (Elvira Nascimento)

Excesso de aço importado no mercado e queda nas vendas. Motivos que levaram a empresa mineira Aperam South America a adiar a terceira fase do plano de investimentos previsto para 2024/2025 

Essa nova etapa estava planejada como continuação dos investimentos iniciados em 2021 e que estão atualmente em execução. O projeto que será adiado inclui a instalação de um novo laminador a frio de bobinas de alta produtividade com um nível de automação nunca antes visto. 

Com o investimento, o objetivo das operações brasileiras da Aperam - a primeira siderúrgica no mundo em produtos siderúrgicos planos especiais a obter um balanço de carbono neutro nos escopos 1 e 2 - é se consolidar como uma referência global na indústria siderúrgica 4.0, e está totalmente preparada para atender às demandas para produção de aços mais complexos, assim sendo fundamental para a transição de energia e eletrificação do setor automotivo. 

Durante a implementação do projeto, até 1500 vagas temporárias seriam geradas.

"Como uma empresa que sempre acreditou no Brasil e no crescimento da economia, nos deparamos com um cenário muito desafiador que nos leva a repensar nossos planos de expansão para os próximos anos. Devido a uma questão de sustentabilidade do negócio, vamos reavaliar esse projeto", afirma o diretor-presidente da Aperam South America, Frederico Ayres Lima. 

Ayres Lima acredita que a entrada massiva de aço chinês no mercado brasileiro em 2023 associada à redução da demanda devido à desaceleração econômica mundial está asfixiando o setor siderúrgico nacional. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil, somente em setembro deste ano, as importações de aço da China cresceram 133,8% em relação ao mesmo mês de 2022, atingindo, assim, 549 mil toneladas. 

Em específico no caso dos aços inoxidáveis e elétricos, que são o carro-chefe da Aperam, as importações cresceram 18% no primeiro semestre do ano em relação ao 1º semestre do ano anterior. No entanto, o número excessivo de produtos chineses no mercado, a política predatória de preços e a demanda reduzida representaram uma queda de mais de US$ 800 por tonelada nos preços internacionais, comprometendo seriamente os projetos de longo prazo da empresa. O problema não é novo, já que as importações de aço inoxidável nos últimos quatro anos cresceram 128%. 

De acordo com o diretor-Presidente da Aperam South America e BioEnergia, o aço chinês chega ao Brasil subsidiado pelo governo do país asiático e com a maior pegada de carbono do mundo, o que prejudica muito não só a competitividade da indústria siderúrgica nacional, bem como o processo de descarbonização do setor. 

"Para lidar com tal situação, é imperativo que o Brasil adote a mesma medida que os países supracitados imediatamente. Ou seja, uma taxa de importação de 25%. Se isso não for feito imediatamente, a indústria siderúrgica não voltará a funcionar sustentavelmente, e medidas amargas que estão sendo tomadas, como a redução de produção, demissões, adiamento ou cancelamento de investimentos irão continuar," disse Ayres Lima. 

Ele salienta que a Aperam é altamente favorável ao livre mercado internacional, mas a agressividade chinesa que, por sua vez, ignora as regras da Organização Mundial do Comércio, tem minado a possibilidade da participação em mercados ao redor do globo como resultado da adoção de medidas protetivas, como a Seção 232 dos EUA, que estabelece um freio no volume de produtos que o Brasil pode exportar. 

"Isto torna ainda mais importante que o Governo Federal adote medidas urgentes para salvaguardar toda uma indústria comprometida com o país, com investimentos previstos de R$ 63 bilhões, segundo o Instituto Aço Brasil, para os próximos quatro anos", afirma o Diretor-Presidente da Aperam South America. 

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