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Auditores fiscais protestam na porta da Justiça Federal em memória das vítimas da chacina de Unaí

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
26/05/2022 às 10:25.
Atualizado em 26/05/2022 às 11:21
 (Gabriel Rezende/Hoje em Dia)

(Gabriel Rezende/Hoje em Dia)

O terceiro dia de julgamento do ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, acusado de ser o mandante da morte de três auditores fiscais do trabalho e um motorista, em janeiro 2014, teve início com uma nova manifestação na entrada da Justiça Federal, em Belo Horizonte, nesta quinta-feira (26).

Quatro auditores deitaram no chão, de braços abertos, para homenagear os colegas de profissão e o motorista assassinados durante uma emboscada na cidade do Noroeste de Minas. 

O ato foi organizado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sinait). O vice-presidente da entidade, Carlos Silva diz que o protesto tem o objetivo de "humanizar" o julgamento.

"Estamos falando de vidas ceifadas. A manifestação é para recuperar a essência do que isso representa: luta por vida", afirmou. 

Durante a manifestação, os auditores também relembraram que neste 26 de maio seria aniversário de Eratóstenes de Almeida, um dos auditores fiscais mortos. 

Auditores fiscais fazem vigília na sede do Tribunal durante o julgamento, iniciado na última terça-feira (24). "A gente está aqui lutando para preservar vidas e com essa luta garantir justiça a quem é absolutamente insensível a proteger a vida das pessoas, que é o caso dos mandantes da chacina", prosseguiu. 

Julgamento 

Nesta quinta-feira ocorrerá o depoimento do réu, Antério Mânica. Também serão apresentados aos jurados vídeos contidos no processo. As oitivas terminaram nessa quarta-feira (25). Ao todo, foram ouvidas 19 testemunhas; 14 de acusação e cinco de defesa. 

Após a apresentação das imagens, haverá o depoimento de Antério. Em seguida, será aberto espaço para os debates finais entre acusação e defesa. A tendência é que a decisão dos jurados seja conhecida nesta sexta-feira (26). 

Chacina 

Em 28 de janeiro de 2004, os auditores João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, após uma emboscada na região rural de Unaí. 

À época, o trio investigava denúncias de trabalho escravo que estaria acontecendo em fazendas da região. O crime ficou conhecido como Chacina de Unaí.

As primeiras prisões envolvendo o caso só ocorreram em 2013, uma década após os assassinatos. Na ocasião, três pessoas — Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes — acusadas de serem “pistoleiros”, foram condenadas a penas que, juntas, somam 226 anos de prisão.

Os intermediários do crime, segundo a acusação, eram os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Os dois confessaram o crime e foram condenados.

O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica e o irmão dele, Norberto, dois grandes produtores de feijão da região, foram apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) como mandantes do crime. A sentença deles saiu em 2015, com cada um sentenciado a cumprir 100 anos de prisão. Apesar de o MPF pedir a prisão imediata dos réus, a Justiça permitiu que ambos recorressem em liberdade.

Em 2018, no entanto, uma reviravolta mudou os rumos do processo, quando o TRF-1 anulou a condenação de Antério Mânica.

Em virtude da anulação, o ex-prefeito terá que ser submetido a novo julgamento, que deve acontecer nesta semana.

Na época da anulação, Norberto Mânica, que também recorre em liberdade, prestou depoimento e sustentou ser o único mandante do crime, inocentando o irmão.

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