Terceiro dia de julgamento

Chacina de Unaí: Antério Mânica deve ser ouvido nesta quinta sobre mortes de auditores e motorista

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
26/05/2022 às 08:50.
Atualizado em 26/05/2022 às 09:22
 (Lucas Prates/ Hoje em Dia)

(Lucas Prates/ Hoje em Dia)

O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica deve ser ouvido nesta quinta-feira (26), terceiro dia de julgamento da Chacina de Unaí. O fazendeiro é acusado de ser o mandante da execução dos três auditores do trabalho e do motorista, em 2004. 

Além do depoimento do réu, a expetativa é pelo início dos debates finais entre acusação e defesa e apresentação dos vídeos que estão no processo. A sentença, com a decisão dos jurados, deve ser conhecida na sexta-feira (27). 

As oitivas foram concluídas ontem. Ao todo, 19 testemunhas prestaram depoimento, sendo 14 de acusação e cinco de defesa. Uma das depoentes da defesa foi dispensada. 

O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, Bob Machado cita "expectativa positiva” pela condenação de Antério Mânica como mandante da chacina. 

“Imaginámos que com o transcurso do julgamento hoje, após a apresentação das provas e do debate, a conclusão [dos jurados] será de de confirmação do julgamento de 2015, com a condenação do réu”, afirmou. 

Desde terça-feira (24), os sete jurados sorteados para decidirem pela condenação ou absolvição de Antério Mânica acompanham depoimentos de testemunhas, entre elas delegados da Polícia Civil e um dos condenados pelos assassinatos. 

Erivaldo de Vasconcelos, assassino confesso, confirmou a presença de Antério Mânica em uma reunião, onde foi selado o destino dos auditores fiscais e do motorista. O fazendeiro estaria dentro de um carro, modelo Fiat Marea, de propriedade da sua esposa, Bernadete.  

Também foram ouvidas viúvas das vítimas da chacina. Esposa do auditor Nelson, Helba Soares afirmou já ter trabalhado em empresas de Antério. “Quando ficava bravo, as pessoas que trabalhavam com ele, contam que era incontrolável”, contou.

Marinez Lina de Laia, se emocionou ao falar do esposo, Eratóstenes de Almeida. “Esses 18 anos ficaram como uma lacuna na minha vida. Minha filha tinha seis anos na época. Somos até hoje as viúvas da Chacina de Unaí e vamos para o túmulo com esse título”, lamentou.

Chacina 

O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004, quando os auditores João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, após uma emboscada. 

Quando assassinados, os três auditores investigavam denúncias de trabalho escravo que estaria acontecendo em fazendas da região. A morte dos três provocou mobilização política e social na época e, em homenagem às vítimas, a data dos assassinatos foi transformada em “Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo”.

As primeiras condenações envolvendo o caso só aconteceram em 2013, uma década após os assassinatos. Na ocasião, três pessoas — Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes — acusadas de serem “pistoleiros”, foram condenadas a penas que, juntas, somam 226 anos de prisão.

O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica e o irmão dele, Norberto, dois grandes produtores de feijão da região, foram apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) como mandantes do crime.

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