Contagem

'Clima de medo e insegurança', relata funcionário após vandalismo na escola José Silvino Diniz

Raquel Gontijo e Raíssa Oliveira
29/11/2022 às 18:55.
Atualizado em 29/11/2022 às 19:03
 (Reprodução / Redes Sociais)

(Reprodução / Redes Sociais)

Professores e funcionários da escola municipal José Silvino Diniz, no bairro Solar do Madeira, em Contagem, na Grande BH, estão apreensivos e temem pela própria segurança quando as aulas retornarem. A instituição suspendeu os dias letivos em função de um ataque de vândalos ocorrido na madrugada desta terça-feira (29).

Além de quebrarem carteiras, vidraças e equipamentos, os invasores picharam referências ao nazismo nas paredes, como desenhos da suástica, o nome de Hitler e algumas ameaças.

Ao Hoje em Dia, um funcionário da escola, que não quis se identificar, afirmou que os colegas estão com medo de retornar à instituição.

"Não me sinto nada seguro. O clima de insegurança é geral. A gente fica com muito medo por causa do histórico desse tipo de ação que tem sido frequente no país. Enquanto não soubermos quem foram as pessoas responsáveis por isso, não teremos paz", contou o servidor público.

Segundo ele, nos últimos anos, a flexibilização de acesso às armas pelo Governo Federal teria alimentado a disseminação do ódio e da violência como "ferramenta de resolução de conflitos".

Como consequência, disse o funcionário da escola, haveria uma preocupação em relação à possibilidade de crianças e adolescentes terem acesso ao armamento da família dentro das residências.

Na última sexta-feira (25), um adolescente de 16 anos invadiu uma escola em Aracruz, no Espírito Santo, e atirou contra 15 pessoas. Quatro delas morreram, dentre as vítimas, três professoras e uma criança de 12 anos.

Em Contagem, autoridades policiais e professores estão investigando também pichações deixadas na escola José Silvino Diniz que fazem referência a um jogo de videogame chamado "Bully", cujo objetivo é "dominar" uma instituição de ensino.

Uma página anônima no Instagram, com o nome escola, também faz referência ao jogo. No perfil, que tem 76 seguidores, o autor disse que se sente “uma réplica de Bully”. As postagens trazem imagens do jogo, gravações feitas dentro da escola e até vídeo de uma arma.

"A gente está com muito medo, porque sabe que isso está presente na sociedade. Essas situações externas que afetam os estudantes, esses jogos, esses grupos, inclusive grupos neonazistas, têm fomentado essas ações", contou o funcionário.

Apesar da escalada de violência nas escolas, o servidor público disse que é necessário um trabalho pedagógico com os alunos para evitar a propagação do ódio no ambiente escolar.

"Estamos avaliando medidas para garantir a segurança dos profissionais, dos estudantes. Pensar o que pode ser trabalhado pedagogicamente com esses estudantes para ver uma outra possibilidade de cultura, de paz, de amor, de solidariedade, de fraternidade, que é o que a gente está precisando".

Nesta quarta-feira (30), foi marcada uma reunião de urgência entre Prefeitura, MPMG, representantes das polícias Civil e Militar, Guarda Municipal, secretarias de Defesa Social e Educação e Procuradoria Geral do Município para alinhar ações conjuntas para combater os ataques e ameaças às escolas do município.

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