Entrega de comida

Dark kitchen: modelo inovador de cozinha cria oportunidades para quem quer empreender

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
29/06/2022 às 08:20.
Atualizado em 29/06/2022 às 11:05
Dark Kitchens se estabelecem como tendência em grandes centros (Smart Kitchen / Divulgação)

Dark Kitchens se estabelecem como tendência em grandes centros (Smart Kitchen / Divulgação)

O delivery se tornou sinônimo de sobrevivência para micro e pequenas empresas do ramo de alimentação ao longo dos últimos dois anos, devido à pandemia de Covid-19. Mas o cenário atual aponta para a necessidade de se investir em uma estrutura mais enxuta, voltada apenas para a entrega de pedidos. Com essa premissa, as dark kitchens (cozinhas no escuro, em inglês) se estabelecem como tendências em grandes centros.

São modalidades de negócios que oferecem cozinhas para os restaurantes em pontos estratégicos nas cidades, que otimizam a organização do fluxo de entregas conforme as demandas. Neste modelo, o empreendedor economiza com gastos de aluguel, IPTU, água, luz, gás, internet, segurança, dedetização e, em alguns casos, até com software de gestão.

"As dark kitchens nada mais são do que restaurantes. A legalização é feita como restaurante e é preciso seguir as mesmas normas sanitárias para operar", explica o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais  (Abrasel-MG), Matheus Daniel. 

Empresa mineira 

E se a dark kitchen é bom para quem cozinha, melhor ainda para quem descobriu no novo  modelo de negócio uma oportunidade para empreender.

A empresa mineira Smart Kitchens, com sede em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte, é pioneira no segmento de Condomínios Comerciais, os chamados HUBs, no Brasil. "É um empreendimento imobiliário com foco comercial, em formato de galerias comerciais, com área de apoio para motoboys e entregadores", explica Gustavo Nogueira, diretor da empresa. 

Dentro dos imóveis, cada empresário possui sua própria cozinha e áreas compartilhadas para funcionários, como vestiários. Os valores dos aluguéis variam de R$ 1,9 mil a R$ 7 mil em Belo Horizonte. Atualmente, a Smart Kitchens tem unidades na capital mineira, em São Paulo (SP), Campinas (SP) e Fortaleza (CE).

Espaço apenas para delivery

Nogueira, explica que as dark kitchens atendem a três tipos clientes: quem nunca empreendeu; quem possui empreendimento físico e quer dar atenção maior ao delivery e quem já possui unidade delivery, mas quer expandir a área de atuação.

É o caso do empresário Ricardo Hamdan, de 51 anos, um dos clientes da Smart Kitchen. Dono de um restaurante especializado em comida árabe, ele aluga, desde junho de 2021, uma dark kitchen no Barro Preto, região Centro-Sul da capital, para operacionalizar o fluxo de pedidos. 

(Ricardo Hamdan / Divulgação)

(Ricardo Hamdan / Divulgação)

"No HUB tem uma grande vantagem, porque eu preciso me preocupar apenas com a estrutura da cozinha. Nossa preocupação maior é ter a cozinha operando de forma fácil. Toda estrutura para funcionários, parte de exigência da fiscalização para estrutura do restaurante, segurança de gás, segurança contra incêndio, parte de esgoto, isso já tem na estrutura e facilita", destaca. 

E tanta praticidade atraiu também um dos mais tradicionais restaurantes de BH, que viu na dark kitchen uma oportunidade para recuperar parte das atividades, que foram suspensas durante a pandemia. O Redentor tinha duas unidades, mas uma delas teve de ser fechada em um shopping da capital.

A saída foi partir para o delivery. Mas os donos entenderam que não poderiam operar as duas modalidades de serviço no mesmo local. "O Redentor tem um movimento muito forte, e a cozinha não suportaria a operação dos dois. Um afetaria o outro", explica Daniel Ribeiro, sócio do grupo Redentor.

A opção foi usar a dark kitchen exclusivamente para entregas, de forma a preservar a qualidade da experiência dos usuários no restaurante aberto ao público, que funciona na Savassi, na região Centro-Sul. Com isso, o restaurante passou a operacionalizar toda demanda de entregas em um galpão separado dos estabelecimentos físicos. 

(Redentor conta com galpão para preparo e entrega de pedidos)

(Redentor conta com galpão para preparo e entrega de pedidos)

"Temos uma equipe toda separada para o delivery, desde a cozinha até a própria gestão. Com isso a gente conseguiu desenvolver o nosso produto e a nossa entrega, melhorando cada vez mais. Se fosse junto, com certeza não conseguiríamos a mesma qualidade", completou.

A inovação sempre traz oportunidades para quem quer empreender e para quem precisa se reinventar para se manter no mercado, cada vez mais competitivo e exigente. As dark kitchens abrem possibilidades. “É uma oportunidade de crescer. Vão ter pessoas que começaram no delivery e vão passar para lojas físicas. E pessoas que começaram no atendimento físico e passaram para o delivery. O mais importante é que as pessoas se profissionalizem, independentemente do local.”, conclui o presidente da Abrasel.

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