4º dia de julgamento

Delegado do Caso Backer diz que estranhou descaso com aumento do uso de dietilenoglicol na fábrica

Clara Mariz
@clara_mariz
26/05/2022 às 19:12.
Atualizado em 26/05/2022 às 19:17
Depois das audiências de testemunhas de defesa, com encerramento previsto para 3 de abril, será marcado o interrogatório dos réus (Reprodução/Google)

Depois das audiências de testemunhas de defesa, com encerramento previsto para 3 de abril, será marcado o interrogatório dos réus (Reprodução/Google)

O delegado da Polícia Civil, Flávio Henrique Grossi, responsável pela investigação do Caso Backer, afirmou diante do juiz do Fórum Lafayette, que estranhou que técnicos da cervejaria não desconfiaram de que havia um vazamento nos tanques da fábrica, mesmo com o aumento da reposição do dietilenoglicol.

A substância usada no resfriamento dos tanques foi a responsável pela intoxicação de diversas pessoas que tomaram cervejas da marca. O delegado fez a declaração na tarde desta quinta-feira (26), durante o último dia do julgamento do caso, no Fórum, no Barro Preto, região Centro-Sul da capital.

Em seu depoimento, Grossi disse que, já no início das investigações, percebeu o aumento das compras da substância, sendo que a administração da fábrica já havia informado que o local onde o produto era armazenado ficava fechado e não era “consumido” no processo de fabricação das bebidas. Ainda conforme o delegado, a PC concluiu que havia reposição do líquido nos tanques do produto químico, mas sem qualquer controle ou critério. 

Em junho de 2020, segundo ele, a investigação indicou que a contaminação ocorreu devido a um furo no sistema de refrigeração de um dos tanques utilizados pela cervejaria. Dez vítimas morreram e várias tiveram sequelas pela ingestão da cerveja contaminada por dietilenoglicol.

De acordo com o depoente, ainda na fase inicial das apurações a equipe da Polícia Civil foi atendida prontamente pela administração da cervejaria Backer, que forneceu voluntariamente, documentos e notas fiscais de produtos. No entanto, na primeira análise dos textos não encontraram dietileno, apenas monoetileno, que era o mais usado, mas entre as notas fiscais das substâncias compradas, analisadas depois, encontraram as do dietilenoglicol. 

Julgamento 

Este foi o último dia de depoimentos das testemunhas de acusação do Caso Backer. Desde o início, parentes, vítimas, peritos e representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) foram ouvidos na capital mineira em audiências. Conforme o Fórum Lafayette, 23 testemunhas e 4 vítimas prestaram seus depoimentos. 

No total, 11 pessoas foram denunciadas.Três sócios-proprietários da empresa respondem pela prática dos crimes de envolvimento na adulteração de bebidas alcoólicas, perigo comum e crimes tipificados no Código de Defesa do Consumidor.

Sete encarregados da fabricação de cerveja foram denunciados pelos crimes de lesão corporal grave e gravíssima, homicídio culposo, além dos crimes imputados aos sócios. Uma pessoa foi denunciada por prestar informações falsas na fase de inquérito policial.

Nenhum dos envolvidos foi acusado de crime doloso, quando há intenção de provocar a morte. Por isso, não haverá  júri popular.

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