Cabo de guerra

Em onda de greves, servidores estaduais rechaçam oferta de reajuste de Zema; Governo mantém proposta

Bernardo Estillac
bernardo.leal@hojeeemdia.com.br
08/03/2022 às 20:22.
Atualizado em 08/03/2022 às 20:30
Policiais civis estão entre os servidores que protestam por recomposição salarial em Minas (Bernardo Estillac)

Policiais civis estão entre os servidores que protestam por recomposição salarial em Minas (Bernardo Estillac)

Só nesta terça-feira (8), funcionários da educação estadual, do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER-MG), da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra) e do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg) protestaram por melhores salários em Belo Horizonte. Na quarta (9) será a vez das forças de segurança, que preparam movimento com mais de 50 mil manifestantes.

Cada categoria tem reinvindicações específicas, mas todas compartilham o mesmo descontentamento com a proposta de recomposição de 10,06% enviada por Romeu Zema (Novo) à Assembleia Legislativa de Minas Gerais e com o projeto do executivo que tramita na ALMG do Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

Na última segunda-feira (7), em entrevista ao , a secretária de Planejamento e Gestão (Seplag), Luísa Barreto, afirmou que o governo não pode oferecer um reajuste superior a 10,06% aos servidores por causa das restrições estabelecidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. 

De acordo com a secretária, a lei impede que o Estado ofereça reajustes específicos para cada categoria. E o estado não tem dinheiro para oferecer um aumento maior do que a proposta oferecida para todo o funcionalismo público.

As forças de segurança, que paralisaram as atividades no dia 21 de fevereiro, pedindo uma recomposição salarial de 37,75%. De acordo com Wemerson Oliveira, diretor da Federação Interestadual da Polícia Civil (Feipol Sudeste), este índice foi determinado descontando o reajuste de 13% que tiveram em 2020, sobre a perda inflacionária calculada de 2015 a 2021 que chega a 50,75%.

O cálculo do Sindicato dos Servidores dos Institutos de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Sisipsemg) chega a uma reivindicação ainda mais alta, de 40%. De acordo com a presidente do sindicato, Antonieta Faria, os trabalhadores perderam poder de compra diante das perdas inflacionárias e só não entraram em greve por solidariedade aos demais servidores que precisam de atendimento médico.

No caso dos trabalhadores da Infraestrutura e do DER-MG, que estão em greve, a exigência é de 27% de reajuste. À reportagem, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Transportes e Obras Públicas de Minas (Sintder/Sinttop), José Alberto Coutinho, afirmou que a categoria está operando com cerca de 30% a 40% do pessoal. E que, nas próximas semanas, obras de recuperação de estradas e regulamentação de veículos serão prejudicadas.

Os professores da rede estadual de ensino aprovaram greve nesta terça (8) tendo como principal reivindicação a adequação dos salários ao piso federal para a categoria. Segundo o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), o reajuste proposto por Zema não é suficiente para os servidores. 

Regime de Recuperação Fiscal
Bandeira do governo de Romeu Zema, o RRF é o plano para renegociação da dívida com a União. Segundo o Estado, o valor do débito ultrapassa os R$140 bilhões. O projeto tramita na ALMG desde 2019.

O RRF prevê a possbilidade de adoção de uma série de medidas de austeridade, que limitam a possibilidade de reajustes ao funcionalismo público, por exemplo, e, por isso, desagrada os servidores.

No dia 24 de fevereiro, Zema anunciou que poderia suspender a urgência aplicada à votação de adesão ao RRF pelos deputados estaduais para que a proposta de reajuste salarial dos servidores fosse votada com mais rapidez. A ideia não causou efeito no andamento de nenhuma das pautas do governo na casa legislativa.

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