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Muita gente não sabe, mas o propilenoglicol usado em petiscos para animais domésticos também está presente em produtos embalados que estão na mesa dos brasileiros, como massas para bolo, pipocas, pães e laticínios.
A substância tem a função de manter a umidade de alimentos industrializados para consumo humano. E o umectante também está em prateleiras de farmácias e gôndolas de supermercados, na composição de cremes, xampus, condicionadores e produtos capilares. O propilenoglicol ainda é usado como cossolvente para tintas à base de água.
E o uso do propilenoglicol não é prejudicial à saúde de animais ou das pessoas. O problema é que, segundo Rodrigo Moura, coordenador de fiscalização do Conselho Regional de Química de Minas Gerais, é que lotes dessa substância foram contaminados por outro composto com nome parecido - o monoetilenoglicol.
Esse não é ingrediente de alimentos. E, geralmente, é utilizado na indústria, em etapas de aquecimento ou resfriamento durante o processo de fabricação. Agora, alimentos fabricados com os lotes de propileno contaminado, dependendo da quantidade ingerida, pode provocar insuficiência renal, explica Rodrigo Moura.
Foi o que pode ter acontecido com petiscos para pets, que estão sendo investigados e podem ter levado, pelo menos, 54 cães à morte em 11 estados e no Distrito Federal, segundo a Polícia Cívil de Minas Gerais.
O ponto preocupante é que, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os produtos do lote contaminado foram usados pelas indústrias na fabricação de alimentos para consumo humano também.
A investigação, segundo a Anvisa, já identificou algumas das empresas que compraram o propilenoglicol contaminado pelo monoetilenoglicol.
Mas nomes dos fabricantes da indústria alimentícia, bem como as mercadorias que, supostamente, foram produzidas com o lote do produto químico alterado, estão sendo mantidos sob sigilo.
“A investigação dos órgãos competentes é importante para dar segurança ao consumidor”, segundo Rodrigo Moura.
O ponto sensível dessa história é o consumidor que pode ter levado o produto para casa. “A investigação dos órgãos competentes é importante para dar segurança ao consumidor”, explica Rodrigo.
O químico ressalta a importância de retirar do mercado produtos que contenham lotes contaminados. “O risco de contaminação depende de vários fatores como a quantidade de propilenoglicol contaminado em cada alimento, da quantidade consumida”, explica.
“Além de identificar os responsáveis, é importante rastrear onde ocorreu a falha no processo de qualidade. E quais padrões de segurança deixaram de ser seguidos. Estamos confiantes de que os órgãos de controle, em breve, vão concluir as investigações para dar segurança à sociedade”, conclui Rodrigo.
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