Fiscalização falha pode ter potencializado riscos para rompimento de barragens

Simon Nascimento
25/01/2019 às 23:40.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:14
Projetos são parte do Termo de Reparação de Brumadinho; cidades receberão R$ 32 milhões
 (Lucas Prates)

Projetos são parte do Termo de Reparação de Brumadinho; cidades receberão R$ 32 milhões (Lucas Prates)

Falta de fiscalização e problemas no licenciamento ambiental são os dois principais aspectos citados por especialistas como potencializadores de risco para o rompimento das barragens da Vale, em Brumadinho, na Grande BH. 

O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) divulgou nota informando que, desde 2015, registrou “inúmeras denúncias” sobre o risco de rompimento das barragens do Complexo Mina Córrego do Feijão. 

As causas da tragédia ainda serão investigadas. Uma das hipótese para o desastre é a sobrecarga de rejeitos, dizem especialistas. 

Professor de Engenharia de Minas da UFMG, Evandro Morais da Gama participou de uma reunião na Cidade Administrativa no início da noite com o Secretário Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Germano Vieira. “É uma causa que nos leva a pensar ações de diminuição dos níveis de rejeitos nas barragens no Estado. Acredito que se a barragem estivesse operando com quantidade menor de rejeitos, a tragédia não teria ocorrido”.

Integrante do Departamento de Engenharia Hidráulica da UFMG, o professor Carlos Barreira Martinez afirma que a sobrecarga na barragem é fruto de irregularidades na inspeção. “Se realmente a causa foi excesso de rejeitos, houve falha de fiscalização”, garantiu. 

Marcus Vinícius Polignano)

Inspeção

Procurada, a Semad informou que o último licenciamento ambiental para a barragem foi aprovado em dezembro de 2018, na gestão anterior, pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).

A pasta ainda esclareceu que a avaliação para garantir a segurança é de responsabilidade da Agência Nacional de Mineração (ANM). O órgão foi procurado e disse que a estrutura rompida estava regular.

Quantidade excessiva de resíduos de mineração pode ter provocado rompimento de barragem, dizem especialistas

Ainda segundo a agência, em termos de segurança operacional, “está classificada na Categoria de Risco Baixo e de Dano Potencial Associado Alto (em função de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos sociais e ambientais)”. 

Professor do Departamento de Geologia da UFMG, Klemens Laschefski acredita que é necessário mais rigor em fiscalização. “É preciso iniciar uma revisão profunda do licenciamento ambiental. Um estudo técnico da mineração. Essa sequência de casos graves representam uma negligência criminosa”, criticou. Lucas Prates 

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