pressão por reajuste

Greve na segurança em Minas preocupa e pode obrigar intervenção das Forças Armadas, diz especialista

Bernardo Estillac, Lucas Sanches e Luiz Augusto Barros
horizontes@hojeemdia.com.br
21/02/2022 às 20:26.
Atualizado em 21/02/2022 às 20:38
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Agentes da segurança pública de Minas prometem cruzar os braços até que o governador Romeu Zema (Novo) envie projeto de recomposição salarial da categoria à Assembleia Legislativa. O anúncio de greve preocupa especialistas, que avaliam até a necessidade de intervenção das Forças Armadas nas ruas para realizar patrulhamentos caso um acordo com o governo não seja firmado.

Os manifestantes estão avaliando as restrições legais para determinar os próximos passos do movimento e os impactos no Estado. A paralisação ficou definida após protestos em Belo Horizonte, nessa segunda, e teve a adesão do Corpo de Bombeiros e das polícias Civil, Militar e Penal. 

De acordo com o diretor da Federação Interestadual dos Policiais Civis (Feipol) da região Sudeste, Wemerson Oliveira, todos os serviços serão afetados diretamente: do atendimento ao público, como o registro de veículos, às investigações e até o recolhimento de corpos.

“A decisão foi pela paralisação geral, então nós acompanhamos a categoria. Lógico que não vamos deixar casos urgentes e graves sem cuidado. Mas os serviços que não são essenciais e de urgência serão parados”, disse. Oliveira explica que a recomposição salarial é calculada de acordo com a perda inflacionária, de 50% até o ano passado.

“Como tivemos um aumento de 13% em 2020, retiramos esse percentual e reivindicamos uma recomposição salarial de 37% ao governo estadual”. Na época, após um acordo com o governo, ficou decidido que os servidores receberiam aumentos de 12% nos dois anos seguintes, mas os servidores dizem que o compromisso não foi mantido. 

De acordo com Luiz Flávio Sapori, especialista em segurança pública, a postura dos policiais militares vai contra a legislação. “Qualquer política de aquartelamento significa greve, e greve é ilegal”. Sociólogo e ex-secretário adjunto de Segurança Pública de Minas, ele afirma que a situação é preocupante. “Greve das forças policiais em qualquer contexto social é grave. A ausência da PM nas ruas significa que a violência pode crescer. Já tivemos experiência disso em outros locais”, afirmou.

Na avaliação do especialista, o movimento é forte e bem consolidado, articulando todas as forças de segurança pública. “Há muito tempo não via todo esse movimento, tão unido em torno de uma causa. O governo não pode ficar passivo, é uma situação muito grave”, avaliou.

O que mais preocupa, segundo Sapori, é a demora do governo estadual em chegar a um denominador comum com os agentes. “O governador tem que dar uma resposta à sociedade mineira, negociar e chegar a um acordo imediato. Ou solicitar à presidência (da República) as Forças Armadas”.

Tenta diálogo

Em nota, o Estado afirma que mantém diálogo com todas as categorias levando em conta as necessidades dos servidores. “Com a adesão ao RRF (Regime de Recuperação Fiscal), projeto que aguarda análise da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Estado terá condições de aplicar a recomposição da inflação nos salários de todas as categorias do funcionalismo público, e dar continuidade ao pagamento das dívidas herdadas, como os repasses para os municípios e os depósitos judiciais”.

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