
Um documento elaborado pela Fundação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), uma das entidades favoráveis à instalação do Complexo Minerário Serra do Taquaril (CMST), afirma que a mineração na Serra do Curral, em Nova Lima, na Grande BH, não vai causar nenhum dano aos recursos hídricos da região. Entretanto, o ambientalista fundador do projeto Manuelzão de Despoluição do Rio das Velhas, Apolo Heringer, discorda desse estudo e afirmou que há impactos, que a ação extrativista pode causar problemas em nascentes e lagos subterrâneos.
Segundo o ambientalista, a mineração, não só na Serra do Curral, mas sim em todo a região do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais é responsável pela escassez de água nas cidades da região metropolitana e pelo baixo volume dos rios do Estado, mas os primeiros a sentirem são os vizinhos do complexo de mineração.
“Com a diminuição do nível dos rios e o aumento da poluição que essas indústrias causam, quem mora ali, na margem, acaba sendo o primeiro a sentir os impactos, já que a água do rio é usada para a agricultura, para a manutenção de animais e até para consumo próprio”, explicou.
De acordo com Heringer, durante o processo de extração do minério os lagos de água subterrânea precisam ser drenados para que o material seja retirado. "O principal trabalho desses bolsões é o abastecimento das nascentes durante o período de seca. Por não ter contato com os fatores externos, as águas subterrâneas são as mais limpas e também ajudam a equilibrar o nível de poluição dos rios".
O especialista garantiu que mesmo não estando próximo ao sistema de captação a Serra do Curral é muito relevante para a segurança hídrica da capital mineira, pois é a única opção de abastecimento de água mais próxima à cidade e seria perdida. Segundo ele, atualmente 70% da água da Grande BH vem do Rio das Velhas, que tem sofrido com a ação mineradora em sua nascente em Ouro Preto, na região Central do Estado.
“Com a escassez hídrica na região metropolitana os moradores da área urbana vão sofrer com o aumento do preço cobrado pela água tratada pela Copasa e pela energia fornecida pela Cemig. E tudo isso está relacionado aos lagos de água subterrânea que são extintos pelas mineradoras”, disse o ambientalista.
Em nota, a Fiemg informou que a população de Belo Horizonte não sofrerá com a escassez hídrica, uma vez que o sistema de captação de água do Rio das Velhas, que abastece a cidade, não está localizado próximo ao empreendimento da Taquaril Mineração S.A (Tamisa).
A reportagem entrou em contato com a Tamisa e aguarda retorno.