Quatro Empresas Investigadas

Inquérito da polícia de SP que investiga monoetilenoglicol em petiscos já possui 1,9 mil páginas

Vanda Sampaio
vsampaio@hojeemdia.com
28/09/2022 às 20:13.
Atualizado em 28/09/2022 às 21:10

Vinte dias após o início da investigação, pela Polícia Civil de São Paulo, da intoxicação de cachorros que comeram petiscos, nenhum laudo ficou pronto para ajudar a identificar a empresa responsável pela contaminação do alimento canino com monoetilenoglicol (que é tóxico).

 A informação é do delegado Vilson Gianetti, responsável pela investigação em SP, e que é feita em conjunto com a Polícia Civil de Minas Gerais. "Ainda não é possível definir um prazo para que os laudos fiquem prontos e possamos fechar o quebra-cabeça que envolve pelo menos quatro empresas", explicou. O inquérito da polícia paulista já tem 1,9 mil páginas.

Segundo o delegado, os laudos estão sendo feitos pelo Instituto de Criminalística de São Paulo em parceria com o Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa). Uma equipe de veterinários da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também está ajudando nos trabalhos toxicológicos e de necropsia dos animais que morreram com suspeita de intoxicação.

Até agora, de acordo com Vilson Gianetti, foram registrados 22 boletins de ocorrência no estado de SP por donos de cães com suspeita de consumo de petiscos contaminados. "Não descartamos o aparecimento de novos casos, já que alguns donos só desconfiaram de intoxicação após a imprensa noticiar o assunto", afirmou o delegado.

Todos os representantes das empresas suspeitas já foram ouvidos. Além disso, foram recolhidas amostras de produtos (incluindo propilenoglicol que estaria contaminado com monoetilenoglicol) para serem analisados, além de documentos como notas fiscais e certificados.


 "A empresa Bassar informou que comprou o propilenoglicol da Tecno Clean, que alegou ter comprado da A&D Química que, por sua vez, disse ter adquiridp da Crystal Limp", explicou Vilson Gianetti. A suspeita é que, em algum momento, o aditivo químico, que tem uso permitido em alimentos, tenha sido contaminado por monoetilenoglicol.

"Nosso objetivo é descobrir onde começou a falha para, então, punir os responsáveis, e descobrir se outras empresas participaram do processo", afirmou o delegado paulista.

Entre as possíveis infrações que estão sendo apuradas, destaque para crime contra ordem tributária e contra saúde pública por colocar no mercado produto impróprio para consumo. A também investiga se as empresas envolvidas podem ter houve fraudado laudos e certificados.

Investigação em Minas
A Polícia Civil de Minas Gerais recebeu nessa terça-feira (27)  o laudo de um cão que morreu em 6 de setembro e que confirmou a contaminação de petisco por monoetilenoglicol, que pode causar intoxicação grave em animais.

A dona do cachorro fez uma denúncia na Delegacia Especializada na Defesa do Consumidor e informou ter comprado o alimento Everyday, produzido pela Bassar Pet Food.

As análises confirmaram a presença do produto químico usado como anticongelante automotivo. Se for consumido, pode causar sintomas como náusea, convulsões e até colapso pulmonar. Se o problema não for identificado em até 24 horas, o animal pode morrer.

As empresas Bassar, Tecno Clean e A & D Química foram procuradas pelo Hoje em Dia, mas ainda não responderam.

A reportagem não conseguiu contatar a Crystal Limp.

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