Mineiros à espera do transplante de medula óssea sonham com vida nova em 2022; fila cresceu 45%

Luiz Augusto Barros
@luizaugbarros
30/12/2021 às 19:01.
Atualizado em 04/01/2022 às 00:16
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Em menos de um ano, o número de pessoas que aguardam por um transplante de medula óssea cresceu 45% em Minas, principalmente pelo represamento nos procedimentos e a queda no cadastro de novos doadores durante a pandemia. Quem aguarda na fila e luta pela vida sonha com um “renascimento” em 2022.

A caminhada, no entanto, esbarra na falta de compatibilidade entre os doadores. E, mesmo quando se encontra alguém, não há garantias. Caso de Lucas Campos da Silva, de 26 anos, diagnosticado com leucemia há dois. Ele, que trabalhava com telemarketing, espera desde abril.

Morador de BH, o jovem chegou a ser submetido ao tratamento convencional, mas a doença retornou. Encontrou uma pessoa 90% compatível, mas o processo não avançou. Diante disso, os médicos trabalham com a hipótese de transplantar a medula do irmão, que tem 50% de compatibilidade. 

A expectativa é que o procedimento aconteça no mês que vem, podendo mudar toda a rotina do rapaz. Atualmente, ele toma três medicamentos e divide o tempo entre a casa e o hospital. Apaixonado por futebol, musculação e esportes radicais, como escalada e rapel, Lucas quer voltar a praticar as atividades. “Sinto falta dessa adrenalina”, afirma.

Lucas é um dos 51 pacientes de Minas que aguardavam pelo transplante. Em janeiro de 2021, eram 35, segundo a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig). O rapaz faz acompanhamento médico na Santa Casa de BH.

Coordenadora de um dos núcleos técnicos do MG Transplantes, Silvia Zenóbio explica que houve um represamento dos procedimentos e, para os transplantes de medula, a recomendação do Ministério da Saúde foi de suspensão pelo risco de infecção por Covid-19.

“Os serviços reduziram muito, então achamos que os pacientes só agora estão tendo acesso a determinadas modalidades de tratamento, e com o transplante não seria diferente”, avaliou a médica.

A inscrição de mineiros no Cadastro Nacional de Doadores de Medula (Redome) também traz outra preocupação, pois há uma queda de 40% desde 2019. 

De acordo com a assessora de captação e cadastro da Fundação Hemominas, Viviane Guerra, uma mudança em uma portaria, em julho de 2021, alterou o limite de idade dos doadores, que diminuiu de 55 para 35 anos, e pode ter impactado nessa redução. “Estudos científicos indicam que os doadores mais jovens melhoram os resultados do transplante”.

Vida nova
Aos 24 anos, Marcos Martins Vieira superou a leucemia após receber a medula da irmã Lorrainy, de 20. O jovem, que precisou abandonar o curso de Ciências da Computação, lutou contra a doença por quatro anos, mas ganhou vida nova no início de dezembro.

Natural de Formiga, no Sul de Minas, ele fez boa parte do tratamento em Divinópolis, na região Central, mas foi operado em BH. “Agora tenho dois aniversários. O dia que a medula pegou e o dia que eu nasci”.

Repleto de sonhos, Marcos quer colocar em prática tudo aquilo que havia planejado antes da enfermidade. “Gosto muito de moto, quero viajar e conhecer o Brasil, andar de bicicleta, casar. Eu tenho uma noiva, não vou deixar de sonhar”, afirmou.

Serviço
O cadastramento de candidatos a doadores de medula óssea é feito pela Fundação Hemominas. Para se registrar, é necessário ter entre 18 e 35 anos, boa saúde e não apresentar doenças infecciosas ou hematológicas. É preciso ter em mãos identidade, preencher os formulários neste site e colher uma amostra de sangue para testes.

A análise vai determinar as características genéticas necessárias para compatibilidade entre doador e paciente. O tipo de Antígeno Leucocitário Humano (HLA) do inscrito será cadastrado no Redome, vinculado ao Instituto Nacional do Câncer (Inca), e poderá atender doentes não só do Brasil, mas até de outros países.

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