Arcebispo

Mineração nas serras da Piedade e do Curral busca apenas o enriquecimento de poucos, diz Dom Walmor

Raíssa Pedrosa
rrezende@hojeemdia.com.br
05/05/2022 às 16:23.
Atualizado em 05/05/2022 às 18:16
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, disse nesta quinta-feira (5) que a atividade minerária na Serra do Curral busca apenas "o enriquecimento de poucos em prejuízo do bem comum". Para ele, a decisão do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) é questionável e causa perplexidade e estranheza.

Em nota divulgada pela Arquidiocese de Belo Horizonte (veja na íntegra abaixo), nesta quinta-feira (5), Dom Walmor lembra que o mesmo conselho autorizou recentemente a mineração na Serra da Piedade, em Caeté, local que ele diz ter sido "ferido por irresponsabilidades do passado". O local, inclusive, é casa do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, que recebe fiéis diariamente e é palco de grandes festividades da igreja católica.

Na visão do arcebispo, ceder à mineração é impor sacrifícios a essas localidades em benefício de pequenos grupos. "[Esses sacrifícios] repercutem negativamente na existência de muitos seres vivos, principalmente das pessoas, das populações que habitam nossas cidades.  Esses sacrifícios são, pois, mais que desrespeito ao bem comum. Constituem afronta ao equilíbrio natural, às leis de Deus", diz em outro trecho.

A reportagem do Hoje em Dia entrou em contato com o governo de Minas para comentar a fala do arcebispo e aguarda retorno.

Procurada, a Taquaril Mineração S.A. (Tamisa) não comentou a fala do arcebispo.

 Veja abaixo a nota na íntegra:

“A autorização para empreendimento minerário na Serra do Curral, risco para seu bioma essencial, raro e indispensável como garantia de recursos imprescindíveis à vida das pessoas, especialmente na Capital Mineira e em sua Região Metropolitana, é grave indicativo de que nova compreensão ambiental precisa inspirar o poder público. A questionável decisão do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) causa estranheza e perplexidade, mais uma vez, e precisa inspirar uma reação profética e lúcida por parte do conjunto da sociedade mineira. Recentemente, o mesmo conselho autorizou a retomada da atividade minerária na Serra da Piedade, já tão ferida por irresponsabilidades do passado. A Serra da Piedade e a Serra do Curral são patrimônios com valor que não pode ser mensurado pelo dinheiro, a partir da lógica do lucro e da produção que buscam apenas o enriquecimento de poucos em prejuízo do bem comum. Os sacrifícios impostos a esses grandes dons naturais, em benefício de pequenos grupos, repercutem negativamente na existência de muitos seres vivos, principalmente das pessoas, das populações que habitam nossas cidades.  Esses sacrifícios são, pois, mais que desrespeito ao bem comum. Constituem afronta ao equilíbrio natural, às leis de Deus. É hora, urgentemente, de nova lógica para o desenvolvimento integral em favor de todos.”

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