em Itabirito

Padre culpa Iphan por desabamento do forro de igreja; órgão federal diz que obra é 'irregular'

Rodrigo de Oliveira
rsilva@hojeemdia.com.br
18/08/2022 às 07:42.
Atualizado em 18/08/2022 às 07:58
Forro do altar-mor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário desabou em Itabirito e padre publicou nas redes sociais (Miguel Ângelo Fiorillo/Facebook)

Forro do altar-mor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário desabou em Itabirito e padre publicou nas redes sociais (Miguel Ângelo Fiorillo/Facebook)

O forro do altar-mor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário desabou nessa segunda-feira (15/8), em Itabirito, na Região Central de Minas Gerais. 

O desabamento foi divulgado pelo padre Miguel Ângelo Fiorillo por meio de vídeo e fotos no Facebook. Ele é pároco da Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, que é a paróquia responsável pela Igreja do Rosário, como o templo é popularmente conhecido.

Em uma das publicações, o padre Miguel afirma que o desabamento ocorreu devido às ações da Prefeitura de Itabirito e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que embargaram uma obra que estava sendo realizada no local.

"Como estava previsto, nesta segunda-feira, 15/08/2022, por volta das 13h, o forro do Altar Mor da Igreja do Rosário, desabou. Avisado por populares, imediatamente, o responsável pela Igreja tomou todas as providências. Credite-se este desabamento na conta do denunciante "anônimo", do Fiscal do IPHAN e da Fiscal de Postura do Município de Itabirito’, escreveu o padre.

Em outra postagem, o padre publicou um ofício enviado ao Iphan nessa terça-feira (16), no qual comunica que o embargo da obra resultou no desabamento do forro. 

Ofício enviado pelo padre Miguel ao Iphan (Miguel Ângelo Fiorillo/Facebook)

Ofício enviado pelo padre Miguel ao Iphan (Miguel Ângelo Fiorillo/Facebook)

“Venho por meio deste comunicar-lhe que em virtude do Termo de Embargo assinado pelo Ilmo. Fiscal do Iphan e recebido por esta Paróquia, responsável pelas obras que estavam em andamento na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que sua determinação foi seguida imediatamente ao conhecimento do citado Termo de de Embargo e que em virtude da paralisação das obras o forro do Presbitério desabou por volta das 12h do dia 15/08/2022."

Iphan diz que obra é “irregular”

Em nota, o Iphan informou que “a paróquia Nossa Senhora de Boa Viagem, responsável pela Igreja Nossa Senhora do Rosário, bem tombado pelo Iphan, encaminhou correspondência eletrônica em fevereiro deste ano solicitando autorização para realização de reformas emergenciais na referida igreja, tendo sido indicado o seguinte escopo:

01 - Substituição de várias telhas de barro, estilo colonial. 
02 - Revisão do engradamento do telhado e sendo necessário substituição de caibros e ripas.
03 - Revisão do forro em lambri da Naveta (lado esquerdo) e do forro em camisa e blusa da Naveta (lado direito), sem a presença de pintura artística.
04 - Pintura interna e externa, (portas/janelas verde colonial e paredes branca). 
05 - Recomposição nas partes que o reboco está depreendendo.”

O órgão também declarou que “a correspondência esclarecia que não haveria nenhuma modificação na estrutura do imóvel religioso cultural, bem como não mencionou obras no presbitério da Igreja, mas apenas nas navetas laterais.”

A nota também diz que “em 26 de julho, o Iphan recebeu através da Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação (Fala.BR) denúncia sobre a execução de vigas de concreto, utilização de argamassa de cimento e recomposição de paredes com blocos de concreto no referido bem."

A denúncia, segundo o órgão, foi "tratada como emergencial, por relatar procedimentos que fugiram ao escopo do que foi autorizado pelo Iphan, com indícios de danos sobre técnicas construtivas tradicionais, detalhes arquitetônicos e elementos artísticos”, afirma o Iphan.

O Instituto emitiu termo de embargo da obra, que teria sido realizada realizada em desacordo com o escopo da reforma simplificada autorizada. E determinou a paralisação imediata, a interrupção do fornecimento de energia, a proteção dos trechos abertos e/ou descobertos com lonas e tapumes e escoramento dos trechos com sobrecarga, para apuração dos danos. 

Por fim, o Iphan declarou que “tais ações comprovam que qualquer dano sobre o forro do presbitério – cuja intervenção não era prevista pela reforma simplificada aprovada pelo Iphan –, decorre de uma obra irregular."

Ainda segundo o Instituto do Patrimônio, o incidente também foi motivado pela "desconsideração das orientações técnicas, que inclusive indicaram o escoramento do forro e não do expediente do embargo em si, que é o único meio que o Iphan possui para paralisar obras irregulares, avaliar os danos consumados, e orientar medidas de correção e mitigação”, afirma.

A reportagem de Hoje em Dia procurou a prefeitura de Itabirito, mas não obteve retorno. 

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