Ano epidêmico

Pandemia 'empurra' ciclo da dengue, que dispara mais de 80% em BH

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
Publicado em 06/03/2023 às 07:00.
 (Divulgação / PBH)

(Divulgação / PBH)

Os casos de dengue em Belo Horizonte dispararam 84% nas primeiras sete semanas de 2023. Até o fim de fevereiro eram 218 registros, cem a mais que o mesmo período de 2022, segundo a prefeitura. Especialistas afirmam que o ano será epidêmico, com aumento da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. A população pode ajudar a frear os números.

Para o professor do Departamento de Microbiologia da UFMG, Flávio da Fonseca, o salto das notificações era esperado para 2022 – os ciclos ocorrem a cada três anos –, mas foi adiado devido a fatores observados durante a pandemia da Covid-19.

“As pessoas ficaram mais em casa e, com isso, cuidavam mais dos possíveis criadouros do mosquito, isso pode ter impactado na extensão desse ciclo, mas ele vem. Ano passado já houve um aumento e esse ano os números vieram confirmando esse alerta”, explica o docente.

Segundo o especialista, os anos epidêmicos tem relação com os quatro tipos de vírus da dengue. “Cada novo ciclo tem como característica principal que a população se renova. Além disso, temos quatro sorotipos da doença e, a cada ano, um dos tipos prevalece, e só se pega cada um deles uma vez. Depois de quatro anos o sorotipo dominante diminui e é substituído por outro”. 

Além disso, o especialista lembra do alto índice de chuvas no início do ano. “Tivemos um período de acúmulo de água combinado com a abertura social, ou seja, as pessoas voltando a trabalhar fora de casa, significando menos cuidado com os criadouros. Esses fatores contribuíram para o aumento da população de mosquitos”, reforça Fonseca. 

‘Esperança’ 
Na última quinta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro de uma vacina para prevenir a dengue. O imunizante é indicado para a população de 4 a 60 anos.

Para o especialista da UFMG, o imunizante representa uma “esperança”, mas ainda é cedo.

“A gente tinha uma vacina só, mas com um uso muito limitado. O novo produto, com menos limitações, há um futuro promissor nisso. Mas temos que ver se o SUS vai adotar ou não. Essa vacina já passou por três fases de testes e foi aprovada. Isso mostra que ela é segura e eficaz”, comemora. 

Sem previsão da vacina, Flávio da Fonseca lembra o papel da população como principal forma de combate a dengue. “É importante que cada um contribua, não deixando água parada. Olhe os pratinhos de planta, tampe a caixa d’água, limpe as calhas e elimine recipientes que possam acumular água e se tornar criadouro do Aedes aegypti”.

Risco alto
Em Minas, o último boletim indica mais de 13 mil casos, com quatro óbitos. Alémd isso, dados do primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (Lira) mostraram que quase 40% (321) dos municípios mineiros estão em situação de ‘risco alto’ de dengue.

A Prefeitura de Belo Horizonte afirma que conta com cerca de 1,4 mil agentes de combate a endemias (ACEs). “Em 2023, até o momento, eles realizaram 240 mil visitas domiciliares. No ano passado foram feitas cerca de 4,5 milhões de visitas”.

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