Quem se deslocar de ônibus em Belo Horizonte pode ter que pagar R$ 6,90 - aumento de mais de 50% -, caso a proposta enviada pelas empresas de ônibus à prefeitura seja aprovada. Reajuste injustificável, segundo os passageiros. Os usuários reclamam da rotina de problemas, com superlotação, atraso, ar-condicionado desligado e falhas mecânicas. Só nos últimos nove meses, cerca de 30 mil reclamações foram registradas.

O pedido das empresas para aumentar a tarifa revoltou usuários, na manhã desta sexta-feira (31). Auxiliadora Soares, de 56 anos, falou sobre os problemas enfrentados diariamente. "Os ônibus estão lotados, demorando cada dia mais. É revoltante", dispara.

Também usuário do meio de transporte para ir ao trabalho, na área de manutenção, Elias Leonardo, de 53, endurece o tom e diz que o aumento sequer deveria ser pensado.

"Só pego ônibus lotado, fico na fila por mais de 20 minutos, sempre atrasa. Tem briga entre passageiros por causa da lotação ou pelo ar condicionado estar desligado. É só estresse, as pessoas já chegam no serviço cansadas", desabafa Elias Leonardo.

A recepcionista Jessica Talita, de 29, endossa o discurso de que o aumento não é justificável diante da "baixa qualidade" ofertada. Ela aponta ainda os frequentes problemas mecânicos nos coletivos.

"Pelo o fluxo de pessoas que usam diariamente, a gente não tem um trabalho adequado nem um conforto para pagar esse valor. Esses dias fui largada no meio do nada porque o motorista desviou a rota. Outro dia foi o ônibus que estragou", reclama.

Números

A realidade relatada pelos passageiros é atestada no número de reclamações registradas por meio do aplicativo da prefeitura, o PBH App, e pelo Whatsapp vinculado à Superintendência de Mobilidade (Sumob). Desde o início do sistema, em julho de 2022, foram cerca de 30 mil notificações.

Entre as principais reclamações estão: descumprimento de horário (29%), superlotação (15%), descumprimento de ponto de embarque e desembarque (12%), comportamento inadequado de motorista (8%) e estado de conservação dos ônibus (7%).

No ranking das linhas com maior número de reclamações estão 5250 (Estação Pampulha/Betania), com 525, 62 (Estação Venda Nova/Savassi via Hospitais), com 464, 823 (Estação São Gabriel/Bairro Vitoria), com 458, e a linha 806 (Estação São Gabriel/ Bairro Vista do Sol), com 380.

A lista completa pode ser acessada no site da PBH.

O que diz a PBH?

Em nota, a PBH disse que a manutenção dos ônibus é responsabilidade das empresas concessionárias e, caso um veículo apresente problemas, os motoristas recebem orientação para interromper a viagem e recolher o carro à garagem para resolver a situação.

Sobre o ar condicionado, o Executivo reforça que é obrigatório que todos os veículos do sistema, dotados do equipamento, mantenham o equipamento ligado e garantindo uma temperatura ambiente máxima de 22°C. Por fim, a prefeitura pede a cooperação dos usuários.

"É fundamental que o usuário registre a reclamação por meio do PBH APP, pelo WhatsApp (31) 98472-5715 ou no Portal de Serviços. Além da linha, é necessário que o passageiro informe o número do veículo e horário da ocorrência para melhor direcionar a equipe de fiscalização. Todas as reclamações são devidamente apuradas e enviadas às concessionárias para a resolução dos problemas apontados pelos usuários", conclui.

Também por nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de BH (Setra) informou que as inspeções são diárias nos veículos. Os coletivos em desacordo com danos os problemas mecânicos devem ser recolhidos.

Em relação às reclamações de superlotação e atrasos, a entidade se limitou a informar que os passageiros podem fazer as críticas e sugestões de melhorias pelo telefone (31) 3248-7300.

"O Sindicato tem a expectativa de que, a implantação de faixas exclusivas na cidade, irá diminuir substancialmente os atrasos e consequentemente, os tempos de viagem".