Polícia Civil cumpre mandados em empresa que vetou 'gordas e negras' para vaga de cuidadora

Liziane Lopes*
Publicado em 29/11/2019 às 12:44.Atualizado em 05/09/2021 às 22:52.
 (Polícia Civil)
(Polícia Civil)

A Polícia Civil de Minas Gerais cumpriu, na manhã desta sexta-feira (29), três mandados de busca e apreensão na casa da proprietária e em escritórios de uma franquia da empresa Home Angels, que fica na região Centro-Sul de Belo Horizonte. O escritório é investigado por racismo, após divulgação de vaga de emprego que vetou inscrição para candidatas "negras e gordas".

De acordo com a Polícia Civil (PC), os mandados são para apreensão de celulares, tablets, pen drives ou qualquer outro equipamento que tenha a possibilidade de conter arquivos com mensagens de cunho discriminatório. A rede Home Angels, que tem franqueados em todo país, diz que está à disposição da Justiça, "aguardando o desenrolar das investigações".

O caso foi divulgado no início do mês pela Associação dos Cuidadores de Idosos de Minas Gerais. Uma das cuidadoras que recebeu a mensagem registrou a denúncia na PC. O anúncio, recebido por ela via Whatsapp, trazia a seguinte afirmação: "Únicas exigências: não podem ser negras, gordas e precisam de pelo menos três meses de experiência". 

No dia 14, a cuidadora que denunciou o caso prestou depoimento. Ainda de acordo com a PC, ela contou que foi vetada do processo de seleção por ser negra, tendo inclusive chegado a argumentar com a psicóloga que intermediava a negociação sobre o fato de ter vasta experiência para ocupar a vaga. "No entanto, de acordo com a cuidadora, a psicóloga reforçou a exigência da empresa contratante e ainda ofereceu acompanhamento psicológico para ela", informou a corporação, na época.

O caso segue em investigação e os envolvidos deverão ser intimados a prestar esclarecimentos sobre os fatos. Se confirmada a denúncia, os investigados podem responder pelo crime de racismo, com pena prevista de dois a cinco anos de reclusão. O crime de racismo é imprescritível e inafiançável. 

Procurada na ocasião, a unidade BH-Centro-Sul da Home Angels, por meio de nota, negou a existência do requisito repassado na mensagem e afirmou que "repudia com veemência todo e qualquer ato de injúria racial ou racismo, em todas as suas formas de manifestação". A Home Angels ainda informou não possuir vínculo jurídico com a psicóloga por quem a mensagem foi enviada e que ela não tem autorização para emitir qualquer juízo de valor em nome da agência. 

Nesta sexta, a reportagem entrou em contato com a psicóloga e com a franquia novamente, mas as ligações não foram atendidas. 

Relembre 

O caso de racismo foi divulgado no início do mês pela Associação dos Cuidadores de Idosos de Minas Gerais. Uma cuidadora denunciou o racismo após receber mensagem repassada para uma lista de transmissão por uma psicóloga, com oferta de 10 vagas para cuidadoras plantonistas, tendo como pagamento o valor de R$ 100. O  anúncio trazia a seguinte afirmação: "Únicas exigências: "não podem ser negras, gordas e precisam de pelo menos três meses de experiência". 

* Com José Vítor Camilo.

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