Desafios das Operadoras

Tecnologia do 5G vai exigir de cinco a 10 vezes mais antenas do que o 4G, explica especialista

Luciane Amaral
Lamaral@hojeemdia.com.br
27/07/2022 às 20:48.
Atualizado em 28/07/2022 às 12:31
Entidade que reúne as empresas de telecomunicações e de conectividade afirma que a rede não estará disponível, de imediato, em toda a capital. Mas  quem tiver aparelho compatível e estiver em uma área de cobertura terá uma verdadeira experiência 5G (Pixabay / Divulgação)

Entidade que reúne as empresas de telecomunicações e de conectividade afirma que a rede não estará disponível, de imediato, em toda a capital. Mas quem tiver aparelho compatível e estiver em uma área de cobertura terá uma verdadeira experiência 5G (Pixabay / Divulgação)

A internet 5G chega a Belo Horizonte nesta sexta-feira (29) e a novidade traz muita expectativa para os usuários. O Hoje em Dia conversou com Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis, entidade que reúne empresas de telecomunicações e de conectividade (plataforma de economia digital, sustentabilidade e conexão dos brasileiros), sobre os desafios para as operadoras.

Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis, afirma que legislação nas cidades é desafio para implantação de antenas (Conexis / Divulgação)

Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis, afirma que legislação nas cidades é desafio para implantação de antenas (Conexis / Divulgação)

Hoje em Dia: A chegada da nova geração da internet móvel traz muita expectativa sobre o que vai ter de mudar na cidade para que os usuários tenham acesso ao novo serviço. Você pode explicar quais tipos de equipamentos precisam ser substituídos e por quê?

Marcos Ferrari: O 5G vai exigir a instalação de uma infraestrutura nova pelas empresas de telecomunicações, como novas antenas. A nova tecnologia vai exigir um número de cinco a 10 vezes maior de antenas que o 4G e isso vai exigir que as cidades tenham um processo de licenciamento rápido e eficiente, em linha com a Lei Geral de Antenas.

Hoje o tempo médio para o licenciamento de uma antena é de seis meses, e em algumas cidades esse prazo chega a um ano, o que não é compatível com a nova tecnologia.

Além da adaptação da cidade para receber mais infraestrutura de telecomunicações, o usuário que quiser se conectar pelo 5G precisa ter um aparelho habilitado e compatível com a nova tecnologia.

HD: Em que se diferenciam as antenas de 5G e 4G?

Marcos Ferrari: As antenas do 5G são ainda menores que as usadas no 4G. Para exemplificar, as antenas são menores que um ar condicionado split, algumas do tamanho de uma caixa de sapato. Com isso podem ser instaladas em fachadas de prédios e até em mobiliário urbano, como semáforos.

HD: Como a legislação que tramita em BH pode "empacar" a transição?

Marcos Ferrari: Belo Horizonte é uma das capitais que têm lei de antenas em desacordo com a Lei Geral de Antenas. E o Projeto de Lei aprovado recentemente também apresenta problemas, principalmente relacionados à falta de segurança jurídica, o que dificulta e inibe investimentos.

O projeto, por exemplo, estabelece a data de início da vigência da regulamentação em 1º de janeiro de 2023, além de prever adequação de licenciamentos já feitos com base na legislação anterior.

Ele também impõe autorização prévia do órgão responsável pela política de meio ambiente em diversas áreas, sem apresentar os critérios para isso.

Hoje, 13 capitais têm leis compatíveis com as necessidades de implantação de infraestrutura de telecomunicações (Boa Vista, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Manaus, Porto Alegre, Porto Velho, Rio de Janeiro, São Luiz e São Paulo).

HD: O que acontece se o prazo não for efetivamente cumprido? E em outras capitais até setembro, o prazo será cumprido?

Marcos Ferrari: As empresas estão prontas para instalar o 5G, assim que a Anatel liberar a faixa de 3,5 GHz. Mas, em cidades com problemas no licenciamento de antenas e infraestruturas, o avanço da cobertura poderá ser mais lento que em cidades que contam com leis atualizadas e em acordo com a Lei Geral de Antenas.

HD: O 5G já será realidade mesmo na sexta-feira ou será uma "versão" melhorada do 4G?

Marcos Ferrari: Com a liberação da faixa de 3,5 GHz e a ativação da nova rede os usuários já terão acesso ao 5G stand alone, com velocidade média 10 vezes superior à velocidade alcançada no 4G. 

A rede não estará disponível, de imediato, em toda a cidade, mas quem tiver aparelho compatível e estiver em uma área de cobertura, terá uma verdadeira experiência 5G. 

É importante reforçar que, neste primeiro momento, a obrigação prevista no edital é de 1 antena para cada 100 mil habitantes. 

HD: O gasto de dados é maior na nova modalidade de internet? Qual o impacto para o usuário? Ele terá de contratar um pacote de dados maior para desfrutar da nova tecnologia? O 5G vai impactar na conta, de alguma forma, para quem tem conta pré-paga?

Marcos Ferrari: O único pré-requisito para que o usuário acesse o 5G é ter um aparelho compatível e habilitado para a nova tecnologia.

HD: Qual o maior desafio para as empresas na oferta do serviço neste momento?

Marcos Ferrari: Hoje nosso principal desafio é garantir que as prestadoras tenham condições de instalar as infraestruturas necessárias para a conexão do 5G.

O setor de telecom, com o Ministério das Comunicações e a Anatel, tem trabalhado junto às prefeituras e às câmaras municipais, para apoiar e defender a atualização das leis de antenas. Construímos e disponibilizamos um projeto de lei padrão para auxiliar os municípios. 

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