Dor de cabeça

Usuários enfrentam filas e demora no atendimento no Detran em BH após paralisação de servidores

Lucas Sanches
@sanches_07
23/02/2022 às 14:27.
Atualizado em 23/02/2022 às 14:37

Quem precisou de serviços relacionados ao Departamento de Trânsito (Detran) em Belo Horizonte na manhã desta quarta-feira (23) teve que enfrentar longas e demoradas filas antes de ser atendido. Com o anúncio da paralisação dos servidores da segurança pública no Estado, o serviço prestado diariamente foi reduzido para 30%, segundo o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas (Sindpol-MG).

A reportagem do Hoje em Dia foi até um desses locais, no bairro Gameleira, região Oeste da capital, onde a espera para atendimento pode ultrapassar 3 horas. No local, a fila de carros se estendia por mais de 1 km, dando volta em vários quarteirões próximos à entrada do Detran, e até mesmo retornando à avenida Amazonas, que dá acesso à região. Gisele dos Santos, que trabalha como gerente em hotel veterinário, conta que chegou à fila às 9h, e só conseguiu entrar no pátio por volta das 12h.

"Tirei o dia de folga para resolver alguns assuntos pessoais, inclusive a vistoria do carro, que estava agendada. Achei que ia conseguir fazer tudo que planejei, mas já perdi praticamente metade do dia útil só aqui na fila. É uma demora bem estressante", lamenta.

Gisele ficou quase três horas na fila para ser atendida nesta quarta (23) (Valéria Marques/Hoje em Dia)

Gisele ficou quase três horas na fila para ser atendida nesta quarta (23) (Valéria Marques/Hoje em Dia)

A orientação do sindicato, conforme cartilha divulgada nessa terça-feira (22), sugeria também que o serviço fosse feito apenas na parte da manhã, além da assinatura de documentos só às segundas-feiras. Um despachante, que não quis ser identificado, contou que o trabalho foi muito afetado pela redução promovida.

"Geralmente, a pessoa fica aqui por 15 minutos, e vai embora com tudo resolvido", explica. "Os despachantes costumam fazer até cinco vistorias em um dia, mas hoje está todo mundo ficando pelo menos três horas esperando só para entrar, e desse jeito não tem como vistoriar mais de dois carros no dia". Ele ainda citou que os policiais costumam permitir a entrada de até 40 veículos por vez, mas por conta da paralisação, eram cerca de quatro.

Já o autônomo Renato Vilela, de 51 anos, apesar de poder reorganizar as atividades do trabalho, lamentou as pouco mais de duas horas na fila para regularizar a transferência de uma motocicleta.

"Estou na fila desde às 9h, e só agora vou poder entrar [eram aproximadamente 11h15]. Tenho certeza que muita gente passou aperto por ficar esperando aqui, é bem complicado ficar mais de duas horas com a moto debaixo de sol e sem saber quanto tempo vai demorar", desabafa.

 (Lucas Sanches/Hoje em Dia)

(Lucas Sanches/Hoje em Dia)

Unidades sem retenção

Por outro lado, mesmo em meio à paralisação dos servidores, delegacias da Polícia Civil visitadas pela reportagem nessa terça-feira ainda apresentaram atendimento normal aos usuários nesta quarta.

Na 1ª delegacia da PC, no bairro Floresta, região Leste de BH, os atendentes informaram que não houve alterações na rotina, desde horários e expediente até às ocorrências atendidas. O aposentado Silvio Alves, de 68 anos, precisou ir ao local pela primeira vez, e elogiou a rapidez do procedimento.

"Perdi um cartão BHBus e minha antiga CNH ontem, e me recomendaram registrar boletim de ocorrência pelos dados que estão no documento. Quando cheguei aqui, fui atendido sem problemas, e a situação foi resolvida em pouco mais de meia hora", conta.

Na Central de Flagrantes I (Ceflan), no mesmo bairro, o delegado responsável explicou que "não foi enviado nenhum documento oficial para que o trabalho fosse alterado". Disse ainda que o expediente fluía normalmente, atendendo uma "ocorrência por vez, como orientado pelo sindicato".

Paralisação

A realização de trabalhos em escala mínima foi definida em assembleia na segunda-feira (21), e oficializada por meio de cartilha publicada pelo Sindpol-MG. A categoria protesta pelo cumprimento de recomposição salarial, que teria sido prometida pelo governador Romeu Zema (Novo) em 2019, mas cumprido em apenas um dos três anos estabelecidos. 

Os profissionais também se opuseram ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) em Minas, que tramita na Assembleia Legislativa (ALMG) e, segundo eles, pode postergar ainda mais a readequação salarial dos servidores em caso de aprovação. Também nessa terça, representantes das forças de segurança se reuniram com o executivo para começar as tratativas envolvendo a recomposição salarial da categoria.

A reportagem entrou em contato com o governo do Estado, e aguarda posicionamento sobre os primeiros efeitos da paralisação.

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