Monkeypox

Varíola dos macacos não tem grupo de risco de transmissão, alerta especialista da UFMG

Vanda Sampaio
vsampaio@hojeemdia.com
03/08/2022 às 07:00.
Atualizado em 03/08/2022 às 10:38

"A varíola dos macacos não tem grupo de risco de transmissão", alertou o infectologista e professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dirceu Greco, ao se referir ao fato de a doença estar sendo relacionada, de forma errônea, aos homossexuais.

"Relacionar a doença aos homossexuais é reforçar o preconceito contra esse público", explicou o professor. A prova disso, segundo Dirceu Greco, é que a doença já foi diagnosticada em crianças, e que a primeira vítima no Brasil fazia tratamento contra o câncer e era imunossuprimido. "Qualquer pessoa, independentemente da orientação sexual, pode ser contaminada", garantiu.

O especialista explicou que, ao apontar os homossexuais como integrantes do grupo de risco, as pessoas que não fazem parte desse público podem acreditar que não terão a varíola dos macacos (Monkeypox). "Essa desinformação pode facilitar o avanço do vírus e do número de mortos", analisou o infectologista. 

Dirceu Greco lembrou que quando a Aids surgiu no país, os homossexuais foram apontados como os únicos integrantes do grupo de risco do vírus HIV.

"Mais tarde a ciência mostrou que mulheres, crianças e hemofílicos também eram diagnosticados com a doença. Mas, o estrago contra a população homossexual já tinha sido feito", afirmou.

A transmissão do Monkeypox pode ocorrer quando alguém tem contato com lesões de pele, secreções respiratórias ou objetos usados pela pessoa infectada.

"As feridas nas partes íntimas podem aparecer em qualquer um. O importante é procurar um médico e evitar contato com outras pessoas, para evitar que a infecção se espalhe", orientou o especialista.

Sintomas
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o período de incubação (tempo entre a invasão das células pelo vírus e o aparecimento dos primeiros sintomas) costuma variar de seis a 13 dias, mas pode chegar até 21 dias.

A infeção pode ter dois momentos. Nos primeiros cinco dias, quando ocorre a infecção, a pessoa pode apresentar febre, dor de cabeça forte, inchaço nos linfonodos (conhecido como ingua) e falta de energia.

Já na segunda etapa aparecem as feridas na pele, geralmente depois de um a três dias do início da febre. As feridas podem se concentrar no rosto, extremidades do corpo, como palma das mãos, na mucosa da boca, na genitália e nos olhos.

A doença pode matar?
Normalmente, depois de duas a quatro semanas, os sintomas melhoram e a pessoa fica bem.

As complicações são mais comuns em pacientes com problemas imunológicos e em crianças.

Nos casos mais graves pode levar ao aparecimento de pneumonia, sepse (infecção no sangue), encefalite (inflamação do cérebro) e  infecção nos olhos.

Prevenção 
As vacinas são a principal forma de prevenção, mas ainda não estão disponíveis no Brasil. Segundo a OMS, a vacina tem 85% de efetividade contra a varíola dos macacos.

(Banco de imagens/Freepik)

(Banco de imagens/Freepik)

Diagnóstico 
O médico pode pedir alguns exames laboratoriais já disponíveis no Brasil. A análise da amostra nas lesões colhidas na pele pode indicar a presença do vírus. Uma das técnicas é o teste PCR, também usado para indicar a presença do vírus da Covid-19.

Tratamento 
O tratamento envolve o suporte clínico e alívio dos sintomas.

A orientação é ficar atento à alimentação e à hidratação, para que o organismo consiga combater o vírus.

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