Delícia tradicional entre os paulistas, servida aos montes nas feiras livres da maior cidade do país, o pastel é majestade também entre os mineiros. Figurinha fácil no Centro de Belo Horizonte, onde é possível apreciar a massa recheada frita na hora com caldo de cana ou cafezinho, tem ganhado variações pra lá de inusitadas, incluindo ingredientes da culinária mineira.
Carne moída com queijo do Serro, couve e jiló, frango com quiabo e angu e carne de sol com pequi são só algumas das criações que, em breve, passarão a ser servidas na Pastelândia, na avenida Afonso Pena com rua da Bahia, no Centro.
Inspiradas nas iguarias preparadas nos fogões à lenha, as receitas – baião mineiro, frango com quiabo e pequi Canastra, como foram batizadas – integram a lista de novas especialidades da casa, nove no total.
O test drive das receitas vem sendo feito aos poucos, diz o sócio-proprietário da lanchonete, Weder Vilela, que contou com sugestões dos clientes para elaborar as misturas. Mas a prova de fogo mesmo só acontece no próximo sábado, quando a pastelaria irá realizar o 1º Festival de Pastéis, no Parque Municipal. No evento, que vai das 8h às 18h, cada unidade será vendida por R$ 2 a R$ 9.
Mistura que dá certo
A ideia do empresário é mesclar a tradição do petisco, conhecido no Brasil inteiro, a pratos típicos do território mineiro. “Vamos resgatar sabores que fazem parte da nossa infância”, afirma.
Outros ingredientes como umbigo de banana, ora-pro-nóbis, costelinha de porco, queijo com doce de leite e cogumelo também vão entrar nas panelas. Para quem quiser replicar em casa e manter a crocância por fora, a dica é economizar no óleo dos recheios refogados, que, por si só, são mais úmidos.
“Adaptamos a receita do prato, servida num almoço, por exemplo, para virar recheio de pastel. Ao invés de refogar o quiabo, fazemos grelhado”, detalha, garantindo a textura fina e sequinha da massa.
Todos os dias, cerca de 500 pastéis são vendidos na unidade da lanchonete na Afonso Pena. Aos domingos, quando a loja atende também os clientes da Feira Hippie, a fritadeira trabalha três vezes mais.
Massa fininha e crocante é a marca registrada dos pastéis fritos, variedade mais consumida entre os brasileiros
PASTELÂNDIA
Receitas novas criadas pela pastelaria, que fica no Centro, são inspiradas em ingredientes clássicos da cozinha mineira; tem frango com quiabo, pequi e até costelinha com ora-pro-nóbis
Sucesso consolidado
Velha conhecida dos moradores da Zona Sul da cidade, sobretudo do bairro de Lourdes, a Pastelaria Marília de Dirceu evita modificar as receitas e aposta mesmo é no que vem dando certo.
Proprietária do estabelecimento ao lado de quatro irmãos, Andrea Bahia conta que os pastéis recheados de carne e queijo ainda são, passados 25 anos, os preferidos da clientela.
O motivo? Os ingredientes. “Priorizamos insumos de primeira qualidade e a massa é a mesma desde a inauguração. Só leva farinha, água, óleo e sal. Nada mais”, justifica.
Dentre as possibilidades, comercializadas em 20 gramas (mini-pastel, ideal para festas) ou 60 gramas, estão os de massa crocante (com queijo parmesão adicionado à mistura convencional da massa), carne com azeitona e espinafre com provolone.
No rol dos tradicionais estão bacalhau, camarão, frango, frango com catupiry, palmito, napolitano, chocolate e goiabada com catupiry.
PIZZARIA MARÍLIA
Estabelecimento no bairro de Lourdes aposta em recheios tradicionais, como queijo e carne, e massa sequinha
o que vai dentro com pouco óleo
Além disso:
Única pastelaria de BH a servir a receita em rodízio, o Rei do Pastel Gourmet (que não tem relação com o Rei do Pastel Savassi, na Avenida do Contorno) tem 19 opções de recheios, dentre eles velhos conhecidos, como carne e queijo, e o queridinho alho poró com catupiry. Com peso que varia de 80 a 100 gramas, o petisco pode ser degustado em três “pacotes” diferentes. Ouro, prata e bronze dão direito a 19, 15 e 5 variedades e custam R$ 29,90, R$ 20,90 e R$ 18,90, respectivamente. Em setembro, a lanchonete, que tem duas unidades, abrirá uma terceira loja com um “super cardápio”, adianta o proprietário, Humberto Ferreira. “Teremos várias porções criadas com massa de pastel. Até pastel com sorvete!”, revela.
“Cartão-postal” da capital paulista, o pastel de feira – que, ao que tudo indica, influenciou outras receitas Brasil afora – teria chegado ao território tupiniquim pelas mãos de portugueses ou chineses. Uma das versões associa a receita à região Ibérica, de onde vieram os colonizadores brasileiros. Diz a lenda que lá, desde a Idade Média, assavam-se massas recheadas. Outra história diz que o pastel seria uma variação do tradicional rolinho primavera dos chineses. Terceiro “ingrediente” responsável pela mistura que apreciamos hoje, os japoneses teriam sido responsáveis por adaptar o rolinho de carne de porco, dando origem ao quitute que consumimos hoje.
REI DO PASTEL GOURMET
Além de recheios criativos, como de hambúrguer, lanchonete inovou ao criar três opções de rodízio do quitute
Leia mais:
Confira a galeria com imagens de outros pastéis da Pastelândia, que serão servidos no festival de 28 de agosto: