Quem também investe pesado em atividades turísticas que não são diretamente ligadas ao Lago de Furnas é Leandro Maciel, que implantou em uma fazenda no meio da serra um complexo ecológico. “Antes vinha tanta gente para fazer trilhas e conhecer as cachoeiras que tínhamos de limitar a entrada a 500 pessoas por dia. Com o acidente, a queda no movimento foi de 90%, mas já estamos nos recuperando”, afirma o empresário.
A fazenda do pai era uma antiga área de exploração de pedra São Tomé - o quartzito dos paredões do lago. O pai dele comprou as terras da mineradora, mas pouco depois a exploração foi proibida. As terras de cerrado não serviam para a criação de gado nem para o cultivo da terra. Por outro lado, a família mal podia frequentar o local, por causa dos exploradores clandestinos da pedra.
Só dez anos depois de comprar a fazenda é que eles entenderam o potencial de turismo ecológico da região. O ribeirão Capivara corta as terras, formando poços de águas cristalinas, que chegam a mais de dez metros de profundidade, além de cachoeiras e quedas d’água.
E tudo feito com muita segurança: há corrimãos e pontes para facilitar a locomoção; guias em pontos estratégicos, bóias salva vidas em diversos trechos das trilhas, brigada de incêndio, rotas de emergência, monitoramento de rádio, para o caso de chuva intensa com risco de cabeças d’água e paisagens paradisíacas que inspiram o turista a querer voltar.
“Temos uma grande preocupação com a sustentabilidade. Nós recolhemos o lixo que os turistas possam deixar pelo caminho. Nossa energia é toda produzida aqui mesmo, com placas solares e em sistema off grid; fazemos coleta seletiva e até as lixeiras são fabricadas com restos de embalagens tetrapak. Aqui, o turista não pode ouvir som alto ou fazer churrasco”.
Para quem gosta de aventuras, Capitólio também é um paraíso. Um dos mais tradicionais cartões postais da cidade é o famoso Mirante Clássico, de onde se vê a grandiosidade do lago de Furnas, que banha 34 municípios na região. Para encarar o precipício sobre o cânion do Lago é preciso ter coragem. De lá, com muita segurança, dá pra ver o ponto de checagem das lanchas e duas cachoeiras que formam o "coração de Capitólio".
E é só caminhar por mais algumas trilhas subindo e descendo a montanha que circunda os cânions do lago para encontrar a famosa ponte pênsil, que tem 110 metros e uma vista de tirar o fôlego, sobre o lago, cachoeiras e piscinas naturais de águas transparentes.
Mas para quem busca emoção mesmo, não há nada como a tirolesa. É um circuito duplo de 600 metros de pura adrenalina, a 100 metros de altura. Apesar de bastante seguro, tem pouca gente que vai e voltar sem soltar um pio - seja de medo, prazer ou puro contentamento de ver o lago em toda a sua exuberância.
O secretário municipal de desenvolvimento de Capitólio, Lucas Arantes, diz que a maioria dos turistas é de São Paulo, Rio e Minas, predominantemente entre 20 e 40 anos. Os três maiores públicos são grupos de amigos, casais e casais com filhos que procuram Capitólio em busca de diversão, relaxamento e aventura.
O eslovaco Mariano Michalicka saiu de Londres para conhecer o município mineiro. Mal arranhando o português, ele declarou o amor pelo lugar. ”É lindo, amo as montanhas e a água”. Na Inglaterra, onde vive com um brasileiro, é frio quase o ano todo, reclama. E sobre o acidente com a lancha, ele garante que os passeios são seguros e que não há motivo de preocupação. “Parece ser muito seguro aqui”, disse.
Dono de um dos mais tradicionais restaurantes da cidade, Luiz Carlos de Pádua, que também tem uma pousada e lanchas para turistas, diz que está esperançoso com as iniciativas para trazer o turista de volta. “Os marinheiros fizeram cursos, o governo prometeu verbas para estimular o turismo; os geólogos estão monitorando tudo. Esperamos que até o início do verão a visitação deve voltar a 80%. Aqui tem gastronomia, natureza e história. É um passeio sobre o desenvolvimento do país”, finaliza.
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