(Reprodução / ONU)
Durante o discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (20), o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), afirmou que a economia do Brasil melhorou e atacou o ex-presidente e principal rival nas eleições deste ano, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Tradicionalmente, cabe ao presidente do Brasil fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral. O presidente Bolsonaro subiu à tribuna da ONU e exaltou a economia brasileira sem citar números que continuam ruins na economia, como o desemprego em 9,3% da população - mais de 10 milhões de pessoas, segundo o IBGE - e uma inflação de 8,7% no ano, que continua muito acima da meta do Banco Central (3,5%) e contribui para deixar 33,1 milhões de pessoas passando fome no país, de acordo com levantamento da OxfamBrasil.
“A economia voltou a crescer. A pobreza aumentou em todo o mundo sob o impacto da pandemia. No Brasil, ela já começou a cair de forma acentuada. Os números falam por si só”, disse Bolsonaro durante o discurso. “Levamos adiante uma abrangente pauta de privatizações e concessões, com ênfase na infraestrutura”, destacou.
Como vem fazendo durante a campanha eleitoral, o presidente ressaltou a queda no preço dos combustíveis e da energia elétrica. “Quero ressaltar que o custo da energia não caiu por causa de tabelamento de preços ou qualquer outro tipo de intervenção estatal. Foi resultado de uma política de racionalização de impostos formulada e implementada com o apoio do Congresso Nacional”, disse.
Em junho, foi sancionada a lei que prevê a incidência, por uma única vez, do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, inclusive importados, energia elétrica, comunicações e transportes coletivos.
A fala de Bolsonaro repercutiu nas redes sociais com muitos internautas questionando "que país é esse" que o presidente apresentou ao mundo. Dentre os candidatos à Presidência da República, apenas Ciro Gomes (PDT) comentou o discurso de Bolsonaro.
Ele chamou o presidente de "pinóquio decadente". "Bolsonaro bateu um recorde mundial: o presidente que mais mentiu no plenário das Nações Unidas. Se o ano passado tinha sido um vexame, dessa vez foi um horror", atacou o pedetista.
Lula
Jair Bolsonaro, sem citar nominalmente o nome de Lula, criticou diretamente o ex-presidente. Bolsonaro ligou o petista a desvios de bilhões de dólares da Petrobras.
“O responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade”, disse. “No meu governo, extirpamos a corrupção sistêmica que existia no país”, afimou.
Protesto
Horas antes do discurso de abertura, uma projeção de imagens foi feita na lateral do prédio da ONU. As imagens tinham o rosto do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, e palavras em inglês que o chamavam de “vergonha brasileira”.
A autoria do protesto é US Network for Democracy in Brazil (Rede nos Estados Unidos pela Democracia no Brasil). O grupo reúne pesquisadores acadêmicos e membros de movimentos ativistas.
(Reprodução / Redes sociais)
Bolsonaro chegou a Nova York após passar por Londres, onde participou do funeral da rainha do Reino Unido Elizabeth II. Durante o final de semana na capital da Inglaterra, o presidente discursou para centenas de apoiadores.
O discurso foi feito pela janela da residência oficial da embaixada do Brasil em Londres. Nas proximidades do local, apoiadores se envolveram em confusão com jornalistas que cobriram a visita do presidente à Inglaterra e com pelo menos um inglês, que viralizou nas redes sociais enquanto pedia aos bolsonaristas respeito pelo luto que o país vive, devido à morte da rainha.
TSE
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), inclusive, proibiu o presidente Jair Bolsonaro de utilizar, na campanha eleitoral, as imagens do discurso em Londres.
O ministro e corregedor geral eleitoral, Benedito Gonçalves, considerou que “o uso da posição de Chefe de Estado e do imóvel da Embaixada para difundir pautas eleitorais” dá a Bolsonaro vantagem ilegal de acordo com a legislação eleitoral.
Benedito Gonçalves também determinou a retirada dos vídeos do discurso publicados nas redes sociais do filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL).
*Com Agência Brasil
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