Ex-assessores de ministro do Turismo são presos por suposto envolvimento em candidaturas 'laranjas'

Renata Evangelista*
27/06/2019 às 10:33.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:17
 (Facebook/Reprodução)

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A Polícia Federal (PF) realizou, nesta quinta-feira (27), a segunda fase da Operação “Sufrágio Ostentação” para investigar supostas “candidaturas-laranja” de mulheres do PSL para desvio de recurso público. Nesta manhã, a corporação cumpriu três mandados de prisão preventiva e outros três de busca e apreensão. As ordens judiciais foram cumpridas em Governador Valadares e Ipatinga, em Minas Gerais, além de Brasília, no Distrito Federal.

Dentre os presos está Mateus Von Rondon Martins, assessor especial do ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antonio (PSL). Martins, que é sócio-fundador de uma empresa de serviços de internet e marketing criada em 2013 e cujas atividades encerrou em janeiro deste ano, foi detido na casa em que mora em Brasília. 

Outros dois ex-assessores do ministro do Turismo também foram presos em caráter temporário nesta mesma operação: Robertinho Soares e Haissander Souza de Paula, que foram assessores de gabinete do ministro Marcelo Álvaro Antônio quando este foi deputado federal, entre 2015 e 2019. Até abril deste ano, Soares ocupou provisoriamente o cargo de secretário da legenda. Nesta quinta-feira, o partido informou que os três não integram nem o diretório, nem a executiva estadual do partido. 

Ao Hoje em Dia, o Ministério do Turismo informou, por nota, que "não há qualquer relação entre a investigação da Polícia Federal e as funções desempenhadas pelo assessor especial Mateus Von Rondon no Ministério do Turismo. O órgão aguarda mais informações para se pronunciar sobre o caso". O Ministério Público de Minas Gerais informou que, como a operação é sigilosa, não pode se pronunciar. A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Mateus Von Rondon Martins, Robertinho Soares e de Haissander Souza de Paula.

Em comunicado, a PF informou que, além das prisões, também apreendeu computadores e telefones celulares que serão analisados e periciados.

Irregularidade

Desde fevereiro, a PF apura a denúncia de quatro candidatas aos cargos de deputadas estadual e federal pelo PSL, que afirmam terem sido usadas como laranjas do partido no pleito de 2018. Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), as candidatas acusam o atual ministro do Turismo de ser o pivô do esquema ao cobrar a devolução para o diretório do PSL de parte do dinheiro destinado às candidaturas femininas. O objetivo, segundo a PF, seria maquiar para a Justiça Eleitoral a destinação obrigatória de 30% do dinheiro do Fundo Eleitoral para as mulheres.

Até o momento, as investigações apontam que as candidaturas-laranja tiveram um custo até 30 vezes maior do que outras do PSL em Minas. Enquanto uma candidatura de um deputado eleito gera um gasto médio de R$ 10 por voto, no caso dessas candidatas, o gasto ficou entre R$ 150 e R$ 300, segundo o delegado federal Marinho Rezende, que conduz as investigações. 

O ministro Marcelo Álvaro Antônio não se pronunciou nem sobre a detenção de seu ex-assessor, Robertinho Soares, nem sobre a deflagração de uma nova operação policial. Desde que as suspeitas vieram a público e o caso passou a ser apurado, o ministro tem afirmado que a distribuição do Fundo Partidário em Minas Gerais seguiu “rigorosamente o que determina a lei” e que os fatos foram deturpados e “denúncias vazias” publicadas.

“Reforço que a distribuição do Fundo Partidário do PSL cumpriu rigorosamente o que determina a lei. Todas as contratações da minha campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral”, escreveu o ministro no Twitter, em 4 de fevereiro. Marcelo Álvaro Antônio era presidente do PSL de Minas Gerais na época das eleições. 

“Sufrágio Ostentação”

No fim de abril, a Polícia Federal (PF) deflagrou a primeira fase da operação “Sufrágio Ostentação” e cumpriu mandados de apreensão em sete gráficas de Minas que teriam impresso materiais de campanha das supostas candidaturas-laranja. A corporação também apreendeu documentos e computadores na sede do PSL de Belo Horizonte. Na ocasião, ninguém foi preso.

Denúncia

A primeira denúncia formal do suposto esquema fraudulento de desvio de verba eleitoral veio da ex-candidata Cleuzenir Barbosa, que concorreu ao cargo de deputada estadual pelo PSL ano passado. Ela declarou que foi surpreendida ao receber as mensagens dos assessores do partido pedindo a devolução da verba. Após a recusa, Cleuzenir, que chegou a fazer dobradinha eleitoral com o então candidato a deputado federal Marcelo Álvaro Antônio, afirma que foi excluída dos grupos de campanha e vetada da agenda do PSL para divulgar a própria candidatura. A mulher mora em Portugal desde dezembro de 2018.

*Com informações da Agência Brasil

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