Vereador denuncia supostas manobras para livrar Wellington Magalhães da cassação

Juliana Baeta
07/11/2019 às 18:42.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:36
 (Bernardo Dias/CMBH)

(Bernardo Dias/CMBH)

Após mais uma etapa do processo que apura suposta quebra de decoro por Wellington Magalhães (DC) na manhã desta quinta-feira (7), o vereador Mateus Simões (Novo), que apresentou o pedido de cassação do parlamentar, afirmou à reportagem do Hoje em Dia que ouviu informações de que já há vereadores com viagens programadas ou pedindo licenças para se ausentarem no dia da votação que irá determinar a cassação ou não de Magalhães, além de "malas com R$ 200 mil rodando pela Casa". 

O suposto montante seria uma forma de comprar a abstenção ou voto negativo de vereadores à cassação no dia da votação, prevista para acontecer até o dia 23 deste mês, segundo Simões. "É o que me foi dito. Só vamos saber quando verificarmos a presença ou ausência dos vereadores no dia da votação. Acho bom que a cidade esteja atenta à isso. Eu espero sinceramente que eu esteja errado. Se estiverem todos aí [os vereadores] no dia é sinal de que a informação que chegou até mim é falsa", conta. Bernardo Dias/CMBH

Advogado de Magalhães diz que o caso deveria ser levado à polícia

Simões ainda lembra que são necessários 28 votos favoráveis à cassação para que ela aconteça. "Lembrando que tínhamos 23 votos contrários ao Wellington Magalhães [ou seja, favoráveis à cassação] no ano passado. Qualquer destes votos que passar a ser favorável a Magalhães [portanto, contrários à cassação] terá que explicar muito à cidade. A dignidade dos vereadores está à prova neste momento", diz.  

Procurado pela reportagem, o advogado de Magalhães, Sérgio Rodrigues, que o acompanhou na 10ª Reunião Ordinária da Comissão Processante desta quinta, respondeu que o caso deveria ser levado à polícia. "É muito leviano fazer uma acusação desta gravidade e não citar nomes. Pagamento de propina é crime, então, que ele [Simões] denuncie isso à polícia para apurar. Se ele tem ciência de que um crime está em curso, que denuncie à polícia", disse. 

A assessoria de comunicação da Câmara Municipal de Belo Horizonte não emitiu um posicionamento sobre o caso. 

Votação

Questionado sobre a expectativa em relação à cassação do mandato de Wellington Magalhães, que conseguiu na Justiça a retirada da tornozeleira eletrônica nesta quinta, o vereador Mateus Simões acredita que se não houver a cassação, há grande chance de as informações que ouviu sobre suposta compra de abstenções ou mudanças de votos dos vereadores se concretizem. 

"Eu acreditava que ele seria cassado até ouvir estes boatos, porque pelo relatório, tecnicamente não tem como ser contrário à cassação. Mas se forem verdades essas manipulações que estão sendo alardeadas, há grande chance [de Magalhães não ter o mandato cassado]. Então, todos têm que analisar com muito cuidado em sua consciência o que farão nos dias 21, 22 e 23 de novembro [período de votação]. É uma oportunidade também que a Casa tem para mostrar que é maior do que isso, que essas acusações que a rondam não são verdadeiras e que o único criminoso que está frequentando este espaço vai embora ainda este mês", conclui Simões. 

Relembre o caso 

O pedido de cassação do mandato do vereador Wellington Magalhães foi apresentado pelo vereador Mateus Simões (Novo) e pelo advogado Mariel Marra e aprovado em plenário por unanimidade, no mês passado. Essa foi a segunda Comissão Processante instaurada na Casa para julgar a cassação de Wellington Magalhães. Na primeira vez, o mandato dele foi salvo pelos colegas parlamentares.

Além da denúncia de desvio de R$ 30 milhões da Câmara Municipal, o Ministério Público divulgou em julho que Magalhães teria recebido propina de R$ 1,8 milhão, além de caixas de vinho e viagens para superfaturar contratos de publicidade do Legislativo. 

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