Dois 'Cruzeiros': clube idealizado por Santos Rodrigues é a antítese da realidade na Toca II

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
13/10/2021 às 16:43.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:03
 (Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

(Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

Depois que Sérgio Santos Rodrigues assumiu a presidência do Cruzeiro, em junho de 2020, o clube se dividiu em “dois mundos”: o da teoria, em que a atual gestão via como obrigação colocar os salários em dia e prometeu construir um elenco de qualidade, capaz de conseguir o acesso à Série A; e o real, no qual o time caminha para a permanência na Segunda Divisão (em 2022 poderá disputar a competição pela terceira vez), e os jogadores confirmam uma greve, por conta dos honorários atrasados.

Dois fatos mostram o quão irônica é a ramificação dos “dois Cruzeiros”. Nessa quarta-feira, enquanto os atletas, apoiados pela comissão técnica comandada por Vanderlei Luxemburgo, confirmavam, por meio de uma carta ao torcedor, a paralisação das atividades a partir desta quinta-feira, Santos Rodrigues palestrava sobre “os desafios da gestão moderna de futebol no Brasil” no congresso Global Football Management, em Portugal.

O curioso é que a gestão do presidente da Raposa vem sendo contestada de todos os lados. Além dos atletas, insatisfeitos com a situação relacionada aos salários, torcedores se manifestaram várias vezes contra o presidente em 2020 e 2021, sobretudo em frente à Toca II. E o principal apoiador do clube também se diz inconformado com o cenário atual.

No dia 2 de outubro, em entrevista à Rádio Itatiaia, o empresário Pedro Lourenço teceu críticas duras à atual diretoria do Cruzeiro, dizendo que Santos Rodrigues “não ouve ninguém” e que a cúpula de futebol da Raposa “não entende nada de futebol”. E lamentou os honorários atrasados.Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Sérgio Santos Rodrigues se vê confrontado pelo elenco celeste, insatisfeito com o atraso de salários

“Tem três meses de (salário de) jogador atrasado, de segurança atrasado... Isso não se faz com o ser humano. Está errado. Tem que mudar. (...) Quando foi falado com o Vanderlei, ele exigiu que os salários estivessem em dia. Chegou para mim a conta que era ‘x’. Comprei um patrocínio, para acertar tudo. Isso foi feito. Agora, se pagou lá, eu não posso falar”, comentou.

Dentro de campo, não se pode dizer que falta empenho dos jogadores, como se deu contra o Botafogo, na última terça-feira. No entanto, o empate sem gols reiterou a situação periclitante dos celestes na tabela de classificação. Mergulhado numa crise sem precedentes, o Cruzeiro tem ainda oito rodadas a disputar na Segunda Divisão e apenas 0,15% de chances de acesso, de acordo com o Probabilidades no Futebol, da UFMG. Com uma campanha de meio de tabela e os salários atrasados, o destino pode ser similar ao da última temporada.

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