Apesar de 80% de vacinados em Minas, uso facultativo de máscaras e Carnaval não estão no radar

Bernardo Estillac*
bernardo.leal@hojeemdia.com.br
07/12/2021 às 18:27.
Atualizado em 14/12/2021 às 00:36
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Minas Gerais alcançou a marca de 80% da população maior de 12 anos com esquema vacinal completo contra a Covid-19 nesta terça (7). No início de novembro, a marca era tratada pelo governo estadual como ponto inicial para discutir medidas de flexibilização mais amplas no combate à pandemia, mas o cenário atual exige mais cautela do que o esperado.

No dia 11 de novembro, o governador Romeu Zema (Novo) declarou que o uso obrigatório de máscaras seria flexibilizado "em breve". Na mesma data, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) apontou a taxa de 80% da população com duas doses da proteção contra a Covid como marco para tornar facultativo o uso de máscara em espaços abertos.

Quando o Estado enfim chegou à marca almejada, o cenário parece ainda distante do planejado há cerca de um mês. A coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS-Minas), Eva Lídia Arcoverde, afirma que Minas segue as metas do Ministério da Saúde, incluindo 90% do público-alvo vacinado para configurar uma situação de imunidade de rebanho. Esse contexto viabilizaria a flexibilização mais ampla das medidas de combate à transmissão do coronavírus.

“A gente vê uma mudança que nos mantém em alerta em relação ao uso das máscaras. O que temos visto no cenário internacional em relação à nova variante (Ômicron) não nos dá segurança para mais flexibilização”, afirma Arcoverde.

A coordenadora do CIEVS reitera que estudos apontam que a utilização das máscaras junto com medidas como a higienização das mãos podem evitar o contágio pelo coronavírus em até 50% dos casos. Para ela, num cenário em que a doença ainda segue infectando a população, não é certo abandonar as medidas de proteção.

Carnaval de 2022

Nesta terça-feira (7), o governador Zema também manifestou preocupação em relação à variante Ômicron e a realização das festas de fim de ano e do Carnaval de 2022. Para o chefe do Executivo estadual, apenas em janeiro será possível pensar nos protocolos para realização da festa popular.

“Essa definição correta nós teremos somente em janeiro, quando já estivermos a 30, 60 dias do Carnaval e com mais de 90% da população imunizada. Também com essa variante mais bem analisada. Até que ponto é só mais uma variante que merece toda a atenção e preocupação e necessidade de protocolos mais rígidos?", diz Zema em entrevista coletiva.

Apesar da previsão feita pelo governador, Eva Lídia Arcoverde afirma que não é possível saber se o Estado chegará aos 90% do público-alvo com esquema vacinal completo nos primeiros meses de 2022. "Isso tudo é muito relativo porque depende muito da adesão da população à vacinação. O que temos visto é que várias pessoas não se vacinaram por diversos motivos", comenta.

A coordenadora do CIEVS concorda com Zema sobre a necessidade de se estar mais próximo do Carnaval para entender se o contexto da pandemia tornará a realização da festa menos ou mais segura. "Ainda estamos em dezembro e a pandemia é muito dinâmica. Precisamos de uma avaliação mais perto da época, porque agora seria muito imaturo", avalia.

Ômicron
A indefinição sobre as características da variante Ômicron e como ela pode evadir o sistema de proteção das vacinas já aplicadas tornam complexas e imprevisíveis as projeções para um cenário próximo.

Para Arcoverde, é preciso aguardar para entender melhor o comportamento da Ômicron e se ela terá impacto na determinação das metas pelo Ministério da Saúde.

“É tudo muito recente. A gente vê que a transmissibilidade é alta, mas, para avaliar se a gente vai ter uma imunidade de rebanho maior ou menor, ou se o Ministério da Saúde vai alterar essa meta, dependerá de mais análises”, conclui.

Por outro lado, as variantes tornam a ideia de “imunidade de rebanho” difícil de se aplicar à pandemia de Covid-19. O infectologista Unaí Tupinambás, membro do Comitê de Enfrentamento à Covid de Belo Horizonte, afirma que é preciso considerar um cenário em que as pessoas continuem se infectando, mas não desenvolvendo quadros graves da doença.

“A gente terá que mudar esse conceito de imunidade de rebanho. O que a gente chama de imunidade de rebanho? É a imunidade na qual não haverá mais infecção? Parece que com essas variantes é impossível chegar à imunidade de rebanho. Nós teremos que falar de imunidade de proteção contra forma grave”, afirma Tupinambás.

Para o infectologista, o cenário ideal é próximo ao que aconteceu com a H1N1, ou seja, uma situação em que as pessoas adoecem, mas não precisam recorrer ao hospital por não apresentarem sintomas preocupantes.

 (*) com informações de Luiz Augusto Barros

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