Chuvas ameaçam mais de mil casas em Belo Horizonte

Renata Evangelista
25/11/2019 às 19:52.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:48
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Moradores de vilas e favelas de BH estão em vigilância máxima devido às chuvas. Nada menos que 1.144 imóveis estão em áreas de alto risco geológico. Em uma semana, a Defesa Civil emitiu dois alertas para a possibilidade de deslizamento de terra e desabamentos causados por encharcamento do solo.

A previsão é de mais precipitações até sábado, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em dezembro e janeiro, os temporais podem ficar intensos, aumentando ainda mais o perigo para quem habita casas sob encostas ou à beira de barrancos.

Desde outubro, quando começou o período chuvoso, nenhum morador teve que deixar a residência. Porém, o medo de tragédias leva algumas famílias a sair por conta própria ao se sentirem ameaçadas.Lucas Prates 

O empreiteiro Jackson Pereira de Souza, de 34 anos, conta que não dorme tranquilo em época de chuva. Em dezembro, o medo aumenta 

Caso da manicure Rafaela de Souza Pinheiro, de 29 anos. Ela vive com os dois filhos, de 8 e 10 anos, na rua Sustenido, no Novo São Lucas, região Leste. “Sempre que chove por muito tempo, vou para a casa da minha mãe”.

BH tem um relevo acentuado, especialmente na região da Serra do Curral. Lá, o tipo de solo é sujeito a escorregamento. Então, todas as ocupações próximas, incluindo o Novo São Lucas, Taquaril e Aglomerado da Serra, têm risco de deslizamento mais elevado que em outras áreas. Não quer dizer que vai cair, mas que a probabilidade é maior. Como essas construções são mais simplistas e, normalmente, feitas sem acompanhamento, eventualmente pode ter alguma em que a técnica utilizada não é a adequada. Por isso, qualquer modificação que tiver no imóvel, como trinca ou água barrenta, tem que ser comunicada imediatamente à Defesa Civil. E a pessoa deve deixar a casa"Clemenceau Chiabi Saliba, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape) Nacional

A também manicure Eledamara Pereira Oliveira, de 20, não tem o mesmo recurso. Moradora de um imóvel cercado por barrancos, diz conviver com o medo. À noite, mal consegue dormir. “É desesperador. Não temos para onde ir em caso de urgência”, conta a mulher, que tem três filhos.

Diagnóstico

O risco às mais de mil edificações em vilas e favelas consta em estudo elaborado pela Companhia Urbanizadora da capital (Urbel). Imóveis em ocupações irregulares, também considerados críticos pela prefeitura, não entram na conta. Novo levantamento para mapear essas moradias ainda será feito.

O Executivo admite que, por enquanto, não sabe quantos moradores vivem nas áreas de alto risco geológico. Porém, informou ter investido R$ 22 milhões, em 2018 e 2019, em obras para minimizar o problema nas vilas e favelas.Lucas PratesA manicure Eledamara diz que, quando chove, entra água na casa dela. "É desesperador", afirma

Ações

Neste ano, a Urbel fez 61 obras de eliminação de perigo, como a construção de muros de arrimo. Segundo a diretora de Áreas de Risco e Assistência Técnica do órgão, Isabel Volponi, outras 65 estão em andamento. “Além de executar as intervenções, a gente faz uma mobilização, no período pré-chuva, para ensinar o morador a não gerar novos riscos”.

Tanto Urbel quanto Defesa Civil garantem acompanhar a situação dessas famílias. As pessoas são orientadas a pedir o socorro e, se necessário, sair de casa. 

“O acompanhamento é em tempo real, 24 horas por dia. Quando identificamos o aumento da chuva, que coloca famílias em perigo, emitimos alertas via SMS, pelas redes sociais e também em carros de som”, explicou o subsecretário de Proteção e Defesa Civil, Waldir Figueiredo Vieira.

Nesta segunda-feira (25), ao lançar novo alerta de risco geológico, o órgão utilizou o veículo em três locais considerados perigosos: rua Sustenido (Leste), Alameda do Grotão (Oeste) e Novo Lajedo (Norte).

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