Enquanto houver greve 'não há mesa, nem diálogo', afirma Kalil sobre reajuste das tarifas de ônibus

Bernardo Estillac
bernardo.leal@hojeemdia.com.br
02/12/2021 às 16:04.
Atualizado em 08/12/2021 às 01:11
 (Foto: Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

(Foto: Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

A retomada da greve dos motoristas de ônibus nesta quinta-feira (2) complica a locomoção de moradores de Belo Horizonte. Em entrevista coletiva no início da tarde, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) afirmou que não negocia reajuste tarifário enquanto a greve estiver em curso, acrescentando mais ingrediente ao impasse entre o sindicato das empresas, Setra-BH, e o dos trabalhadores, STTRBH.

"A Prefeitura de Belo Horizonte não senta nem para discutir aumento no ano que vem enquanto estiver em greve. Não há nem mesa, nem diálogo. Nem pra aumento que está em contrato", afirma Kalil em evento de lançamento do programa Inclusão Digital da PBH.

O prefeito fez a declaração ao ser perguntado sobre o tema da greve logo após a apresentação do projeto. Ele respondeu o questionamento e se levantou da mesa imediatamente, deixando à disposição dos jornalistas apenas membros do executivo responsáveis pelo programa recém-apresentado.

Durante o período de negociações entre SetraBH e STTRBH, a prefeitura manteve a postura de não interferir, alegando se tratar de um debate entre empregador e empregado. O Executivo da capital, ainda assim, participou da audiência no Tribunal Regional do Trabalho que suspendeu a paralisação dos motoristas na última terça (23).

O sindicato patronal, no entanto, alega que a ausência, desde 2018, de reajuste tarifário anual previsto em contato com a Prefeitura impossibilita as empresas de transporte de cumprirem as exigências dos motoristas para que eles retornem ao trabalho.

Em nota, o SetraBH afirma que requer apenas o cumprimento das cláusulas do contrato de concessão e que já ajuizou duas ações no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) para cobrar o município nesse sentido (reajuste tarifário anual).

O sindicato dos trabalhadores, por sua vez, reitera que não estabelece nenhuma relação entre o reajuste tarifário e o cumprimento das exigências feitas ao Setra-BH. Em nota, o STTRBH afirma que a greve continua até que o sindicato patronal apresente uma proposta que atenda ao pedido feito pela categoria.

Impactos da greve
Em atualização divulgada por volta das 15h30, a BHTrans aponta que apenas 36,7 % das viagens agendadas foram realizadas até as 15h desta quinta. Entre as 14h e 15h, só 40% dos ônibus estavam circulando na cidade.

Barreiro e Venda Nova seguem como as regiões mais afetadas, com 0% e 3% das viagens programadas para partirem das estações entre 14h e 15h, respectivamente.

Acompanhamento da operação do transporte coletivo:% de viagens realizadas em relação às viagens programadas:•Da 0h às 15h: 36,7%•Faixa das 14h às 15h: 40%— OficialBHTRANS (@OficialBHTRANS) December 2, 2021

 Como resultado, os pontos de ônibus da capital apresentam lotação mesmo durante a tarde, fora do horário de pico.Foto: Maurício Vieira/ Hoje em DiaPonto de ônibus no Centro de BH, às 14h

 Repercussão no comércio

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, se manifestou sobre a retomada da greve do ponto de vista dos comerciantes, que buscam compensar a perda de vendas durante a pandemia no período de Natal.

“O comércio e o povo trabalhador de Belo Horizonte não aguentam mais. Respeitamos o direito à greve, é legítimo que os trabalhadores queiram melhorias salariais. Mas, fazemos um apelo para que haja diálogo entre a Prefeitura, as empresas, os sindicatos e Justiça do Trabalho para que entrem em um acordo o mais rápido possível. O comércio foi o setor da economia que mais sofreu ao longo desses quase dois anos de pandemia. Agora, com a proximidade do Natal, todos estão se esforçando ao máximo para recuperar um pouco o prejuízo”, afirma.

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