Motorista perseguiu, asfixiou e colocou corpo da ex na geladeira por não aceitar fim de namoro

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
20/07/2020 às 13:55.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:04
O suspeito confessou o crime; foram apreendidos celulares, uma porção de droga e roupas utilizadas por ele (PCMG/Divulgação)

O suspeito confessou o crime; foram apreendidos celulares, uma porção de droga e roupas utilizadas por ele (PCMG/Divulgação)

 A mulher de 31 anos que foi assassinada e teve o corpo escondido na geladeira de casa no bairro Planalto era perseguida pelo namorado. No dia do crime, ela chegou a ser vigiada por ele durante 12 horas, conforme detalhou a Polícia Civil nesta segunda-feira (20).

A morte bárbara aconteceu porque a vítima tentou colocar fim no relacionamento abusivo. Inconformado, o suspeito asfixiou a companheira e, para tentar ocultar o cadáver, o escondeu na geladeira. O crime ocorreu no último dia 8 em um apartamento do bairro Planalto, região Norte de Belo Horizonte. O corpo foi encontrado sete dias depois. 

No sábado (18), o homem apontado como autor do feminicídio foi preso. Ele negou o assassinato e permanece recluso no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp).

Feminicídio

De acordo com a delegada Ingrid Estevam, o suspeito deve ser indiciado por feminicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. A Justiça autorizou a prisão temporária, que tem duração de cinco dias. A delegada já sinalizou que deve solicitar a prisão preventiva (de 30 dias), até que o inquérito seja concluído.

Conforme a investigação, o suspeito é motorista de aplicativo e morava em Catalão, Goiás, mas era natural de BH. Depois de conhecer a vítima em um grupo de WhatsApp, ele se mudou para BH, em março, para conhecer a mulher.

Com poucos dias de namoro, o homem já se mostrou possessivo. "Testemunhas afirmaram que era constante a presença dele no local de trabalho da vítima. Inclusive, chegando por volta das 5h30 e esperando a vítima no local para vigiá-la", contou a delegada.

Em junho, a jovem chegou a registrar um boletim de ocorrência relatando que o suspeito a havia ameaçado e aos familiares dela. Na ocasião, disse que havia sido dopada para ter o chip do celular roubado. "Provavelmente para ele ter acesso às mensagens que ela trocava com outras pessoas", explicou a delegada.

Assassinato

No dia do crime, o suspeito dormiu na casa da namorada e seguiu com ela até o trabalho, às 7h. Ele esperou no local até as 16h, quando acompanhou a mulher no almoço. Depois, ainda permaneceu vigiando a companheira até as 19h. 

Incomodados, colegas de trabalho da vítima chamaram a polícia, mas depois que o homem foi revistado, os militares deixaram o local. Ao sair do trabalho, a mulher seguiu com o homem até o apartamento dela, onde chegaram às 19h40.

Câmeras de segurança registraram o suspeito deixando o local com uma mala duas horas depois. Neste intervalo, conforme as investigações, a dupla lanchou, manteve relações sexuais e a vítima demonstrou interesse em terminar o namoro.

"Ele, inconformado, pega o pescoço dela e a mata asfixiada. E vendo a situação do corpo, ele resolveu friamente ocultar o cadáver. Abre a geladeira, tira todas as grades, pega o corpo dela, dobra, enfia na geladeira, passa durex em volta para a porta não abrir e vira a geladeira para a parede", detalha a delegada.

Em seguida, conforme  as apurações, ele pega todos os pertences e sai do apartamento. O sumiço da mulher chamou a atenção do ex-marido, que com a ajuda de um chaveiro foi até o local e encontrou a cena chocante. 

Durante o período em que ninguém sabia do paradeiro da mulher, o suspeito chegou a utilizar o celular dela e, se passando pela vítima, fingiu que estava no interior.

Prisão

O homemo tentou fugir da polícia e se escondeu em vários locais. Ele foi capturado na casa de uma tia, em Sabará, na Grande BH, no fim de semana. "As informações dão conta de que advogados o orientaram a ficar fora por 30 dias, mas nossa equipe conseguiu localizar o local exato onde ele estaria escondido", contou a delegada.

Desde o início do ano, a capital mineira registrou nove feminicídios. Todos os casos, segundo a polícia, foram solucionados e, em oito ocorrências, os suspeitos presos. Em uma delas o suposto autor morreu.

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