Sem vagas nas UTIs exclusivas para Covid-19 e vivendo um déficit de profissionais especializados para atuar nas unidades de saúde, leitos emergenciais em condições improvisadas estão sendo montados para pacientes em estado grave na capital e em cidades da Grande BH. A informação é da Sociedade Mineira de Terapia Intensiva (Somiti).
Atualmente, 59 pessoas aguardam por socorro nas UTIs de BH. Os leitos da rede pública se esgotaram pela primeira vez nessa segunda-feira (22), alcançando 101,4% de ocupação. A situação é ainda mais delicada nos hospitais particulares, que já têm 114,4% de taxa de internação.
"Tecnicamente, estamos em colapso", crava o diretor da Somiti, Leandro Braz de Carvalho. Segundo ele, vários moradores estão entubados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Para o médico, novas restrições para conter o avanço do coronavírus na metrópole - que está atualmente na onda roxa do Minas Consciente - só terão resultado em até duas semanas.
“Estamos em uma situação dramática e poderemos enfrentar situações que pacientes não serão atendidos ou não terão disponibilidade de leitos para internação”, afirmou o especialista.
O cenário é tão grave que o Comitê de Enfrentamento à doença da capital pode discutir, nos próximos dias, restrições ainda mais severas. “Um lockdown verdadeiro será discutido internamente no comitê, na prefeitura, ouvindo outras pessoas também”, afirma o infectologista Estevão Urbano.
Porém, de nada adiantam ações mais duras se a população não colaborar. “O mais importante agora é a participação da sociedade, porque tem muito pouca coisa a se fechar que não seja essencial”, afirmou o médico.
Na tentativa de reduzir o estrangulamento do sistema, o governador Romeu Zema anunciou a abertura de mais 100 vagas da terapia intensiva, sendo 20 para BH. Porém, não há previsão de quando as unidades estarão em funcionamento.
Diante do aumento da busca por socorro, a prefeitura criou estratégias para ampliar a assistência à população. Unidades de atendimento 24h não-Covid vão apoiar os trabalhos nas UPAs de cada uma das nove regionais. Elas irão atender casos de baixa e média complexidade não ligados ao coronavírus.
Assim, as UPAs darão prioridade ao tratamento daqueles que testaram positivo para o vírus. No entanto, ainda atenderão casos respiratórios, pediatria e traumas. A expectativa é que até o fim da semana as unidades, que funcionarão nas sedes de Centros de Saúde, estejam prontas.
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