
Ocupação de UTIs em 86,1% e leitos de enfermaria em 63,9%, além da taxa de transmissão do novo coronavírus no patamar de 1,06. Com dois indicadores no nível amarelo e um no vermelho, Belo Horizonte entra em mais uma quarentena que busca frear a pandemia de Covid-19 na capital. A partir de segunda-feira, pela terceira vez em menos de dez meses, apenas os serviços essenciais terão permissão para funcionar na cidade.
A decisão foi anunciada ontem pelo prefeito Alexandre Kalil, em um vídeo publicado nas redes sociais. “Nós chegamos no limite da Covid-19. Nós avisamos, tentamos avisar, tentamos manter mais quase dez dias a cidade aberta, quando os números eram perigosos, mas tínhamos pelo menos uma expectativa de responsabilidade. Sexta-feira soltaremos um decreto, voltando a cidade à estaca zero”, disse.
Até o momento, 65.848 moradores de BH testaram positivo para a doença, com 1.915 óbitos. Os dados constam em balanço divulgado ontem pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA).
Medidas mais enérgicas, muitas vezes, são necessárias para ter o controle sobre a pandemia, destacou o infectologista Felipe Prohaska, do Grupo Oncoclínicas. “O que nos preocupa nesta hora é a velocidade com que os casos aumentam. Até o Reino Unido, mesmo com a vacinação, decretou lockdown (fechamento total do território)”, complementou.
Detalhes sobre o novo funcionamento do comércio em BH serão publicados no Diário Oficial do Município (DOM) de amanhã, informou Alexandre Kalil. A expectativa é de que apenas serviços como supermercados, farmácias e padarias, dentre outros essenciais, permaneçam abertos na capital mineira
O médico diz, ainda, que o objetivo é dar um alívio na rede assistencial. Em Belo Horizonte, somando as unidades de saúde pública e particular, o número de pessoas internadas em estado grave na terapia intensiva chegou a 469 na última terça-feira. Ao todo, a capital dispõe de 545 leitos de UTI para esses atendimentos.
“A iniciativa de lockdown é justamente dar uma respiração para os serviços de saúde. No caso do Sistema Único de Saúde, apesar de ser universal, ele tem deficiências, não consegue dar todo o suporte necessário para a população. A estrutura foi reinventada para enfrentar. Porém, com esse aumento de casos, para esses serviços continuarem dando assistência à população, é preciso ter diminuição na velocidade da transmissão, e a forma que se tem um resultado mais drástico, num primeiro momento, é o isolamento social, mantendo apenas as atividades essenciais”, explicou Felipe Prohaska.
Além disso:
Representantes do comércio da capital se manifestaram contra a decisão do fechamento em Belo Horizonte. Tanto a seção mineira da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) quanto a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) negaram que o aumento de doentes esteja relacionado às atividades e reivindicaram a abertura de leitos para atendimento aos infectados pela Covid-19 na metrópole.
Segundo a CDL, em 4 de agosto, data em que teve início a reabertura gradual do comércio depois do recuo na flexibilização em 29 de junho, a capital tinha 424 leitos de UTI para tratamento de pessoas com o novo coronavírus, com uma taxa de ocupação de 85,8%, o equivalente a 364 vagas.
“Ontem (terça-feira), 5 de janeiro, o Boletim Epidemiológico da Prefeitura mostrou que temos atualmente 247 leitos de UTI, com uma taxa de ocupação de 87,9%, o equivalente a 217 leitos. Foram fechados 177 leitos, ou seja, uma redução de mais de 40%. Caso os 424 leitos estivessem funcionando, hoje teríamos uma taxa de ocupação de 51%, índice bem abaixo do atual”, afirmou o presidente da entidade, Marcelo de Souza e Silva.
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