
Até o fim deste ano, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte deve soltar milhares de joaninhas em áreas da cidade que têm fícus, espécie de árvore que sofre com pragas como a mosca branca. Ela compromete a planta e a condena, em muitos casos, a supressão. A estratégia é um projeto da prefeitura para tentar controlar o problema de forma biológica.
"A previsão é que, em novembro, a gente já comece a fazer a liberação das joaninhas nos fícus que foram atacados pela mosca branca nas avenidas Bernardo Monteiro e Barbacena. A intenção é começar nesta época, que começa a chover e o tempo esquenta, e é justamente quando ocorre a proliferação da praga", adianta o gerente de Ações para Sustentabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Dany Sílvio Amaral.
A supressão das árvores nestas avenidas já foi alvo de críticas por parte da população, gerando até um movimento, o "Fica Fícus". O professor de biologia geral da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Geraldo Wilson Fernandes avalia como positiva a alternativa. "O controle biológico é uma alternativa muito interessante, resta saber se terá efeito".
Mas, para ele, o que garante resultados efetivos no controle de pragas da cidade é o estudo das espécies antes mesmo do plantio das árvores.
"A minha sugestão era trocar estas árvores por serem de espécies exóticas, por nativas. Porque à medida que as fícus vão ficando velhas, elas vão acumulando pragas por estarem imunologicamente mais suscetíveis a doenças. Mas, além disso, é preciso ter um programa de monitoramento das espécies de BH ao invés de esperar estes surtos de pragas. Este planejamento deve ser feito, inclusive, muito antes do plantio, na seleção das espécies e localização correta a serem plantadas. Não se pode, por exemplo, plantar um fícus ou um ipê rosa embaixo de fiação elétrica. E devemos considerar também que a árvore não cresce só pra cima, mas também pra baixo, onde as raízes saem procurando água", explica.
Joaninhas vão pra guerra
As joaninhas que devem entrar em campo para tentar exterminar a mosca branca das árvores são oriundas da biofábrica criada pela prefeitura no ano passado e instalada no Parque das Mangabeiras. Elas começaram a ser usadas em hortas comunitárias e projetos de agricultura urbana para ajudarem no controle de pragas como pulgões. Recentemente, também passaram a ser distribuídas à população, via solicitação, para serem colocadas em jardins e hortas caseiras.
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