Corte

'Não sei como vou pagar contas de luz e água', diz reitora da UFMG após novo bloqueio financeiro

Pedro Faria
pfaria@hojeemdia.com.br
07/10/2022 às 13:31.
Atualizado em 07/10/2022 às 13:48
Evento será na Praça de Serviços da UFMG (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Evento será na Praça de Serviços da UFMG (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

A UFMG pode ter dificuldade de pagar até as contas mais básicas, como água e luz, nos próximos meses. A informação é da reitora da universidade, Regina Goulart Almeida, que manifesta preocupação após novo bloqueio financeiro de R$ 328 milhões, que seriam destinados às universidades, formalizado por meio de decreto do presidente Jair Bolsonaro (PL) na última sexta-feira (30).

Sandra acredita que a instituição pode passar a funcionar "no limite" e diz que a situação nunca foi boa, mas piorou bastante com o novo movimento do Ministério da Educação (MEC).

“Foi uma surpresa porque a situação das universidades tem sido muito dramática. Além do orçamento estar defasado, já que este ano tivemos menos dinheiro que em 2020, temos cortes sucessivos e agora tivemos um bloqueio. Não sei como vou pagar contas de luz e água, serviços de limpeza e até os refeitórios”, diz. 

O bloqueio atual equivale a 5,8% do orçamento anual da universidade e se junta a um corte definitivo feito em maio, de R$ 16 milhões. “Não temos orçamento para outubro e novembro. Já cortamos tudo, não tem mais o que fazer. Vamos deixar de atender algumas demandas por causa disso. Se não vier esse desbloqueio em dezembro não vamos conseguir pagar as contas”, contou.

Impactos nas pesquisas

Além da dificuldade com os vencimentos, a administração enfrenta outros problemas devido à retenção das verbas. Com diversas pesquisas em andamento, os institutos científicos da UFMG podem ter as atividades paralisadas caso a situação não seja revertida.

“Para algumas pesquisas, como a da vacina, conseguimos verbas com a prefeitura e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Mas, mesmo assim, preciso manter o laboratório funcionando e algumas pesquisas demandam trabalho de campo, materiais. Não temos dinheiro para isso, se não melhorar vamos ter que paralisar”, disse.

Volta ao passado

Os cortes, relembra Sandra, remetem aos piores anos financeiros da insituição. Comparada a 2008, período que antecedeu a implantação do programa de expansão das universidades brasileiras, a situação financeira da UFMG só não é pior que a de 2021, quando sofreu com cortes feitos durante a pandemia.

“Me sinto de volta a 2008, que foi um ano muito escuro. Não entendemos porque houve esse bloqueio se eles dizem que as contas melhoraram. Vai comprometer o futuro da instituição, não é apenas o estudante que é afetado, é a sociedade”, desabafa.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), Ricardo Marcelo Fonseca, diz que está preocupado com o futuro das instituições e que o governo retirou o dinheiro das universidades.

Apesar de não ter dado garantias de que o valor será estornado, em nota, o MEC informou que, de acordo com recomendações do Ministério da Economia, a verba será desbloqueada em dezembro.

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