Além dos diversos desafios que todo cidadão precisa encarar no dia a dia, o encaixe aos horários de ônibus se mostra uma das missões mais difíceis na rotina de quem precisa do transporte público. Com filas intermináveis e veículos sempre cheios, os usuários se desdobram para não perder a hora e reforçam a dúvida: está faltando ônibus em BH?

O questionamento acontece após a Justiça mineira acolher um pedido feito pelo Sindicato das Empresas de Transporte e Passageiros (Setra-BH) e determinar a implantação do reajuste anual das passagens de ônibus. A decisão foi assinada pelo juiz da 3ª Vara de Feitos da Fazenda Pública Municipal de BH, Wauner Batista Ferreira Machado, e deve ser atendida pelo Executivo em até 10 dias.

Na manhã desta quarta-feira (6), a reportagem do Hoje em Dia foi até a Estação Vilarinho, na região Norte de BH, e em meio à pressa e correria, muitos fizeram questão de abrir um tempo para criticar as atuais condições do serviço.

"Tenho certeza que está faltando ônibus, pelo menos aqui na estação. As placas dizem uma coisa sobre o horário, mas o tempo vai passando e nada acontece. Deveria esperar uns 15 minutos, mas isso é muito raro. Quase sempre, fico pelo menos 30 a 40 minutos esperando meu ônibus, então o jeito é chegar mais cedo para não tomar esse prejuízo", conta a lavadeira Patrícia de Jesus, de 51 anos.

"Na volta para casa, fica pior ainda. Quando pego o ônibus fora de uma estação, fica quase impossível saber os horários. A gente perde a noção do tempo esperando, e nunca passa ônibus. Quando passa, ele vem lotado e eu volto para casa como se estivesse em uma sauna", completa.

O vendedor André Ribeiro, de 36 anos, explica que já se atrasou para o trabalho por conta dos coletivos. Assim como Patrícia, ele tenta sempre chegar alguns minutos mais cedo, mas lamenta ter que mudar tanto a rotina para se adequar a uma situação que considera precária.

"Tem muita gente precisando todo dia, não sei por que não aumentam o número de carros. Sempre está muito cheio, e nas estações as filas assustam. Todos os dias, ouço gente reclamando da demora, perguntando onde estão os ônibus, e logo vejo que é um problema real, que atrapalha a vida de todo mundo. Quando os chefes não entendem, o problema é todo do trabalhador", ressalta.

A reportagem procurou o Setra e a BHtrans sobre as reclamações sobre falta de coeltivos e aguarda retorno.

Tarifa

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que vai fazer o reajuste da tarifa dos ônibus que operam na cidade, cumprindo a decisão judicial. O valor ainda não foi definido, mas segundo o prefeito Fuad Noman (PSD), a ausência de subsídio pode levar a tarifa a R$ 5,75 na cidade.

Em nota, o executivo municipal declarou que, após a notificação oficial e a análise do documento, o Município decidiu que irá instaurar o procedimento administrativo para proceder ao reajuste determinado judicialmente, sem prejuízo da avaliação de eventuais recursos se cabíveis e viáveis.